Localização:
Leste do Estado de São Paulo, na Região do Alto do Vale do Paraíba, às margens do Rio Paraíba do Sul, entre as Serras do Quebra Cangalha (do Mar) e Mantiqueira
Ext. Territorial: 51 km²
Altitude: 530 metros
Habitantes: 4.502
Hidrografia: Ribeirão de Canas e o Ribeirão Caninhas
Limites: Cachoeira Paulista
Distâncias:
São Paulo - 190 km
Temperatura:
Média de 25.2° C
Clima: Temperado úmido
A origem do nome Canas se deu em função da desapropriação por parte do governo de uma fazenda denominada Fazenda das Canas, de propriedade do Alferes Francisco Ferreira dos Reis, para o assentamento das famílias dos imigrantes.
Esses imigrantes eram principalmente italianos, que receberam terras com a finalidade de plantar cana para abastecer o Engenho Central de Lorena, em 1887. Em 28 de junho, chegou em Lorena a primeira leva dos imigrantes italianos fixando residência em Caninhas. Os italianos deixaram o país em busca de melhores condições de vida. De acordo com o Decreto de D. João VI, receberam propriedades territoriais para exploração agrícola em uma área a oito quilômetros distantes dos centros. A denominação “Caninhas” derivou do tipo de cana produzia no local, chamada “crinolina”, e que era mais fina do que a usualmente se plantava na colônia. Os imigrantes tinham um contrato por cada lote recebido, no valor de quatrocentos mil réis, e um prazo de quatro anos para resgatar a dívida. Após o término de contrato, podiam plantar o que quisessem. A cana plantada era vendida ao Engenho Central de Lorena. Para a subsistência, as famílias plantavam arroz, feijão, batata e verduras. Canas era mata fechada, não era só plantar, foi preciso desbravar. Muitos imigrantes não agüentavam e retornavam para a Itália, os que ficaram foram os mais acostumados à lavoura, os que tiveram coragem de enfrentar a situação do sertão. As primeiras famílias italianas que vieram para Canas foram: Ligabo, Marton, Giordani, Bortolacci, Bellini, Sacilotti, Favalli, Guarisse, Ultramari, Albarello, Barsotti e Canitieri e as portuguesas foram: Andrade e Livramento, e, de origem belga, Bronchaim. Com a falência do Engenho Central de Lorena, os colonos foram obrigados a plantar diversos tipos de alimentos. A colônia de Canas foi iniciativa do Barão da Bocaina, comendador Francisco de Paula Vicente de Azevedo, um dos grandes incentivadores desse tipo de núcleos rurais agropecuários do Vale do Paraíba.
Dentro da evolução, Canas passou de Núcleo Colonial Agrícola (1890) para bairro, distrito e, finalmente Município. Em 1960, pela primeira vez o Bairro de Canas elegeu seu representante para Câmara Municipal de Lorena, Sr. João Neri Marton. Em seguida, o Sr. Arthur Domingues Quintas eleito vereador na legislatura 63/67 e 68/72.
Em 22 de março de 1992, foi realizado o “PLEBISCITO POPULAR”, que optou pela emancipação de Canas. Em 30 de Dezembro de 1993, o Governador Luiz Antônio Fleury Filho assinou a Lei n° 8.550, que emancipou em definitivo o Distrito de Canas do Município de Lorena.
Pode parecer apenas um local de passagem, uma paradinha pra um café. Mas é só parar um pouco mais, assuntar com os moradores e descobrir a saga dos italianos que formaram o antigo bairro pertencente a Lorena. O município tem um longo trecho do Rio Paraíba do Sul, propiciando aos ruralistas o cultivo do arroz. Mas, no começo, foi a cana o grande produto do município.
Desde 2010, a cidade está inserida no roteiro religioso do Vale do Paraíba. O motivo é que está sendo instalado junto à Rodovia Dutra a Sede Nacional da Renovação Carismática Católica, que vai receber religiosos de todo o mundo. O movimento já inaugurou a primeira capela do local e as obras continuam em ritmo acelerado.
O pequeno Bairro de Caninhas, onde tudo começou, se transformou no bairro Canas, que ganhou sua emancipação recentemente, sendo um dos mais novos municípios do Vale.
Mas, ao que tudo indica, o lugar já tinha movimento muito antes. Uma prova disso foi o encontro, no Bairro Caninhas, de objetos indígenas .
Em 2000, durante as obras de implantação de um conjunto habitacional no município de Canas, foi diagnosticada a presença de um sítio arqueológico no Vale – o Sítio Caninhas, o qual passou por trabalhos de pesquisa que resultaram na obtenção de um dos maiores acervos cerâmicos da região. As peças encontradas na região foram enviadas ao Museu de Arqueologia de Jacareí, local com condições e autorização oficial para a guarda desse tipo de material.
Tratava-se de uma área ocupada pelos Tupiguaranis, confirmando a vasta expansão desse grupo pela região, colocando assim a cidade no roteiro histórico indígena do Vale do Paraíba.
Na praça da prefeitura, pode-se observar o antigo prédio da cerâmica, que atualmente é ocupado pela municipalidade.
Os imigrantes chegaram para plantar cana e depois fundaram as cerâmicas, especializando- se em fabricação de tijolos.
Vendiam arroz socado no pilão. Trouxeram hábitos alimentares da Itália, tais como: macarrão, pão feito em casa, vinho e hatugue (bolinho de trigo feito com ovo). Os italianos faziam festa em homenagem a Santo Antônio de três em três meses. Após a missa das oito horas, serviam café e pão com manteiga para todos os fiéis. A tradição continua até hoje na Igreja de Caninhas, contruída em 1904, sendo o padroeiro Santo Antônio. Mais tarde, construíram outra igreja no centro de Canas, e a padroeira passou a ser Nossa Senhora Auxiliadora. A festa é comemorada no último Domingo do mês de maio.
Com o advento da agricultura os italianos ocuparam as várzeas locais pára o plantio de arroz, tornando-se um grande produtor na região. Alguns ainda estão no plantio e procurando alternativas como o cultivo do arroz vermelho, o preto e recuperando o arroz cateto. Quem está produzindo é Adhemar Ligabo e sua família. Ele planta nas várzeas próximas e mantém sua beneficiadora na Rua do Meio, onde vende os produtos no atacado e também no varejo.
O arroz vermelho está sendo muito divulgado, devido ao seu uso em pratos como o arroz com suã.
Uma parte das várzeas está ocupada também por verduras e legumes. Os produtores abastecem as cidades de Lorena, Cachoeira e Cruzeiro com vendas em atacado, mas vendem no varejo no local.
Os descendentes dos primeiros italianos a chegar no local, ainda mantêm as tradições das famílias. Uma associação foi criada e funciona no centro da cidade, onde pode-se encontrar documentos e fotos dos primeiros povoadores. A colônia realiza todos os anos, no mês de julho, sua tradicional festa, com muita música e comida típica.