Localização:
Extremo leste do Estado de São Paulo - Vale do Paraíba
Ext. Territorial: 305 km²
Altitude: 515 metros
Habitantes: 77.575
Hidrografia: Rios e Ribeirões Dolores, da Barrinha, do Embaú, Passa Vinte e Itagaçaba
Limites: Lavrinhas, Cachoeira Paulista, Piquete, Silveiras, Passa Quatro –MG e Marmelópolis –MG
Distâncias:
São Paulo - 220 km
Rio de Janeiro - 213 km
São José dos Campos-147km
Temperatura:
Média de 25.2° C
Clima: Tropical
Os primórdios de Cruzeiro estão no vizinho bairro do Embaú, que hoje fica no município de Cachoeira Paulista. Remonta ao ano de 1560 o aparecimento, em nossa região, da primeira expedição sertanista chefiada por Braz Cubas e pelo minerador Luiz Martins.
Após descer o Vale do Paraíba até o “Porto da Cachoeira”, passou pelo Embaú, onde encontrou um aldeamento de índios Puris na margem esquerda de um poço (atualmente conhecido como “poço da Figueira”).
Prosseguindo pelo vale formado pelos rios Passa Vinte e Batedor, rumo ao sertão de Cataguais (atualmente Sul de Minas), deixou elementos no Embaú e nas glebas, depois chamadas Passa Vinte e Entre Rios, cuidando do plantio de cereais destinados ao abastecimento dos expedicionários no seu regresso.
A Serra da Mantiqueira foi transposta em seu ponto mais baixo, exatamente na garganta hoje cortada pela rodovia na divisa com o Estado de Minas.
Em 1562 foi a expedição de João Ramalho. Em 1596 a do Capitão João Pereira de Souza Botafogo e Domingos Rodrigues. Em 1597 a de Martim Correa de Sá, composta de 700 brancos e 2000 índios, patrocinada por D. Francisco de Souza, 7º Governador do Brasil. Em 1600 a de André de Leon.
E outras mais nos anos que se sucederam, destacando-se a de Jacques Felix, Francisco Martinho Lustosa, Fernão Dias Paes, Borba Gato, Bartolomeu da Cunha Gago, Bento Rodrigues e a de Amador Bueno da Veiga por ocasião da Guerra dos Emboabas. O caldeamento dos brancos com índias, iniciado em 1560, foi prosseguindo e se avolumando. Porém, o primeiro branco que fixou residência no Embaú foi Manoel Gonçalves em 1597.
O povoado foi crescendo, até que, décadas depois, se transformou no centro comercial da região, merecendo, durante certo tempo, a denominação de “capital dos sertões da Paraíba”.
A 18 de Abril de 1881 aqui chegaram, acompanhados de uma equipe, os engenheiros ingleses da Waring Brothers, contratados pela The Minas and Rio Railway e supervisionados pelo engº. Herbert Hunt.
E no dia 21 de Abril, próximo à nossa atual estação Ferroviária, foi iniciada a obra com a colocação dos primeiros dormentes e trilhos. A seguir foram construídas edificações nas quais se instalaram as Oficinas, a Diretoria, os Escritórios, o Almoxarifado, etc. da nova ferrovia.
Pelo Decreto nº 143, de 30 de março de 1891, foi criado o Distrito de Paz da Estação. O Presidente do estado, Américo Brasiliense de Almeida Melo, dois meses depois, a 3 de junho, assinou o Decreto nº 189 criando a Vila Novaes. Decreto esse revogado por seu sucessor, José Alves Cerqueira César, através da Lei nº 45, de 18 de julho de 1892.
Passa vinte, Embaú, Trilha do Zigue-Zague. Os nomes de alguns locais de Cruzeiro já demonstram sua importância na história da região.
Foi com a chegada dos europeus e com a descoberta do ouro que o caminho tomou corpo, ganhando o nome de Estrada Real. A Vila do Embaú, hoje pertencente ao município de Cachoeira Paulista, começou a se formar no século XVII, tornando-se um importante pouso de tropas.
Era por essas terras que os viajantes do passado deixavam o Vale do Paraíba pra adentrar ao sertão de Minas Gerais. Saíam de Lorena, na ocasiâo conhecida como Guaycaparé, e seguiam por 22 km até o atual Bairro do Embaú, e depois do pernoite seguiam junto ao ribeirão do Passa Vinte. Assim era chamado, pois as tropas atravessam o ribeirão em vinte lugares, até o alto da serra. Um dos trechos, após o atual bairro do Batedor, passou a se chamar como trilha do Zigue-Zague. Trechos deste caminho ainda são usados até hoje por cavaleiros.
É indo pelas encostas da Serra da Mantiqueira que se pode viver um pouco dessa história. Os ribeirões e cachoeiras ainda rolam pelas encostas, proporcionando visuais do vale e da mata atlântica. Em alguns locais, pode-se tomar um banho refrescante.
Na região da Estrada do Passa Vinte estão algumas pousadas, sítios de lazer e a comida típica, com vários restaurantes, onde as atrações são as boas comidas, ainda preparadas em fogão a lenha.
Na estrada Cruzeiro Minas está o restaurante Kung Peixe e o Essência do Vale. Um serve peixes do mar e água doce e outro especializado em doçaria e geleias de frutas.
No bairro do Batedor, pode-se ainda percorrer pela trilha do Zigue-Zague, para subir a serra até Minas Gerais (Passa-Quatro). Procure ali pela D. Maria José, que ainda faz o arroz vermelho com suã, tradição do lugar.
Na estrada que sobe a serra pra Minas Gerais, estão outras atrações, como a Fazenda Bela Vista. Na divisa com Minas, bem na garganta do Embaú, uma parada para apreciar a água geladíssima e vislumbrar o visual do vale, lá embaixo.
Estão nesta região os restos da Estrada de Ferro Dom Pedro II, construída em 1882. Um túnel de 996 metros foi preciso ser construído para minimizar a subida. Em 1932, foi crucial nas lutas da Revolução Constitucionalista, tornando-se um marco divisor entre as tropas mineiras e paulistas. Os paulistas tomaram conta do lugar, mas os mineiros queriam avançar e tomar a posição. Apesar da luta dos paulistas, Cruzeiro entrou para a história como o local em que as tropas paulistas se renderam às tropas de Getúlio Vargas. Com um pouco de esforço, pode-se chegar ao local por uma trilha que sai do mirante na divisa com Minas. É melhor se informar no bar que fica ali.
Nova cidade - A cidade que se formou no Núcleo do Embaú, devido à passagem dos viajantes, acabou perdendo seu poder, em 1901, para o “povoado da Estação”, que começou a ser formado desde 1882. A transferência da sede para o atual local provocou o crescimento da cidade, que teve suas ruas planejadas como uma cidade moderna, tendo, até recentemente, suas ruas e avenidas com nome das letras do alfabeto e números. Os moradores até hoje ainda citam as ruas como “1, 2 ...” e as avenidas “A, B, C...”.
A partir da década de 20 do século passado, com o crescimento da agropecuária na região e, principalmente, em Minas Gerais, a cidade se tornou o centro de frigoríficos, para o abate de animais para abastecimento de São Paulo.
Junto com o crescimento da agropecuária, vieram as grandes indústrias, principalmente a fábrica de vagões, com a construção da Rotunda, que atualmente é um centro de eventos.
Outro prédios suntuosos e de arquitetura inglesa ainda podem ser vistos na cidade, como o Teatro Municipal e as igrejas. Antes de enfrentar as estradinhas rurais de Cruzeiro, vale um dia na cidade pra conhecer o que resta de suas construções históricas.
Começa pelas antigas igrejas, passando pelos prédios do ciclo do café, museu histórico e até a estação de trem, que foi um marco na vida da cidade. Opções de gastronomia no centro são muitas. Vai desde os pratos mais sofisticados, passando por massas, comida japonesa e os tradicionais. Não deixe de experimentar no Bar do Alemão o tradicional torresmo assado e o pastel do Fernando, tradição de mais de trinta anos no mesmo lugar e, o mais importante, com o mesmo sabor.
Teatro Capitólio - No lugar tinha uma casa que funcionava como Cabaré. Em 1929, o empresário Domingos Navarra, resolveu construir o teatro. Ficou um prédio de arquitetura suntuosa e, durante muitos anos, ali funcionou o cinema, bem como recebia peças teatrais e abria espaço para eventos sociais da cidade. Ficou por alguns anos decadente e, em 2001, foi reformado, mantendo suas características originais.
Centro Cultural Rotunda - Foi construído em 1930 para ser oficina da Estrada de Ferro. Com sua desativação, em 1990, a prefeitura adquiriu o prédio e transformou em centro cultural. Ali acontecem eventos culturais e cursos para a população.
Estação Ferroviária - Foi construído em 1884, logo depois da inauguração da linha férrea. Atualmente está desativada, pois não há mais trens de passageiros, somente de carga de minérios.
Museu Major Novaes - A mansão dos Novaes foi construída em 1840, que na época era a Fazenda Boa Vista. Devido a influência do Major foi que a estrada de ferro decidiu construir a estação neste local e não no povoado do Embaú. Assim a cidade se mudou pra este local, pra ficar ao lado da estação.