Localização:
A cidade fica em uma ferradura formada pelas Serras do Mar, Bocaina e Quebra-Cangalha
Altitude: 900 a 1.500 m
Hidrografia: Paraitinga, Paraibuna, Jacuí, Peixe, Cedro, Jacuizinho, Jacuí-Mirim, Mirim, Encontro, Aparição
Extensão Territorial: 1.407,1 km²
Habitantes: 21.682
Limites: São Luís do Paraitinga, Guaratinguetá, Lorena, Silveiras, São José do Barreiro, Ubatuba, Areias e Paraty - RJ
Distâncias:
São Paulo - 218 km
Guaratinguetá - 45 km
Campos do Jordão - 115 km
Rio de Janeiro - 292 km
Paraty - 47 km
Temperatura:
Verão - entre 18° C e 25° C / Inverno - entre 2° C e 12° C
Clima: Seco e temperado
Foi por esse nome que Cunha ficou conhecida, nos séculos XVI e XVII, pelos aventureiros que se arriscavam na região a caminho das Minas Gerais. Era por ali que passava o caminho dos índios Guainás. E foi nessa posição, de porta de entrada, que o local se tornou parada obrigatória para descanso de tropas e tropeiros, que levavam mercadorias e traziam ouro.
Por volta de 1650, já era um pequeno agrupamento de casas e passou a ser conhecido como Facão. A passagem do ouro, no início do século XVI, trouxe progresso ao lugar. Mas a posição de Vila só foi alcançada em setembro de 1785. Em homenagem ao capitão general Francisco da Cunha Menezes, governador da Província de São Paulo, a nova Vila recebeu o nome de Nossa Senhora da Conceição de Cunha.
O caminho recebeu calçamento de pedra somente no século XIX, para facilitar o transporte do café, riqueza da época.
Em 1858, Cunha passou à categoria de cidade, chegando à comarca em 1883.
Então, veio a libertação dos escravos, em 1888, e a cultura do café entrou em declínio. Mas, não bastasse o declínio econômico, em 1932 Cunha tornou-se um dos principais palcos da Revolução Constitucionalista.
Chefes de família foram mortos, fazendas destruídas e um mártir, o lavrador Paulo Virgínio, se tornou símbolo dessa época. Ele foi torturado e executado pelos soldados do Governo Getúlio Vargas, os legalistas, por não dar informações sobre os constitucionalistas.
Sua lealdade à causa paulista foi imortalizada em um monumento construído às margens da estrada Cunha-Paraty.
Em 1948, o governo de São Paulo acatou uma solicitação da prefeitura da cidade e transformou o município em Estância Climática. Título justificado por seu clima agradável e por abrigar trechos dos parques da Serra do Mar e da Bocaina.
Além disso, Cunha se destaca por um rico patrimônio cultural, festas religiosas, manifestações folclóricas e, nos últimos anos, a produção de cerâmica.
Um dos municípios com maior concentração de água na região das nascentes, Cunha tem mais de cem cachoeiras e corredeiras de vários níveis. Muitas delas estão em propriedade particular ou dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, onde a entrada só é permitida com autorização antecipada. Oferece várias opções com entrada gratuita, porém sem garantia de segurança. Por isso, todo cuidado é pouco quando adentrar nessas águas, no verão, é claro, pois no inverno a água é geladíssima. As cachoeiras estão localizadas em trechos dos Rios Paraibuna, Paraitinga, Jacuí e Ribeirão do Monjolo.
O município tem ainda em suas terras a nascente do Rio Aparição, que depois se transforma em Rio Paraibuna, um dos principais afluentes do Rio Paraíba do Sul.
Cachoeira do Desterro
Tem queda d’água de 12 metros, ideal para o lazer de banhistas experientes. Pela Estrada do Monjolo, vá até o Km 11, entre à esquerda e siga por mais 1km.
Cachoeira do Pimenta
Tem grande queda d’água, sendo que no local existia a Usina Hidrelétrica da cidade. Com 90 metros de altura e três quedas, tem pequenos lagos para banho e conta com lanchonete e banheiros no final de semana. Estrada do Monjolo, km 13,5 .
Cachoeira do Mato Limpo
Queda d’água de mais de 20 metros, com local para banho. Estrada Cunha - Paraty, km 67.
Cachoeira do Mato Dentro
Queda d’água de mais de 20 metros, formando lago para banho. Fica no Bairro Campos Novos Km 33, com mais 2km de estrada de terra. Pergunte aos moradores o caminho.
Cachoeira do Jericó
Pequena queda com lago para banho - Estrada Cunha - Paraty, km 50,5 + 15km.
Cachoeira do Paraibuna
Queda d’água fortíssima. Tem lago para banho, mas com muitas pedras no fundo. Rod. Cunha- Paraty, km 65 + 10 km.
Cachoeira da Barra
Bairro da Barra - pode ser um dos pontos de visitação para quem gosta de conhecer a vida simples do povo e também se deliciar com um banho de água gelada na piscina formada pela Cachoeira Grande.
Depois, procure a casa da D. Gorete, que ela prepara um almoço caseiro no fogão a lenha. O local ainda tem as farinheiras, que preparam o produto em monjolo.
O Rio Paraibuna, um dos principais afluentes do Paraíba do Sul, tem sua primeira nascente no Bairro da Aparição.
Lá, em 2001, uma comissão técnica, formada por orgãos governamentais estaduais e municipais, sob o comando do Movimento Nascentes do Paraíba, demarcou o local, identificando duas nascentes, distantes cerca de 150m uma da outra.
O Ribeirão da Aparição é um dos formadores do Rio Paraibuna, que vai encontrar com o Rio Paraitinga na Represa de Paraibuna, formando o lendário Rio Paraíba do Sul.
Criado em 1977, o Parque Estadual da Serra do Mar, com mais de 300 mil hectares, está dividido em vários núcleos. Cunha está dentro do Núcleo Cunha, com uma extensão de 6.500 hectares. Passam por ele os rios Paraibuna e Bonito. As matas são primárias e em regeneração com madeiras nobres brasileiras e animais como onça, capivara, paca, etc. Dentro deste espaço está localizado também a Estação Hidrológica.
O núcleo Cunha foi premiado com lindas cachoeiras. Os visitantes também podem fazer uma das trilhas sozinhos, mas as mais longas precisam de monitoramento agendado.
O Parque Nacional da Serra da Bocaina é outro presente da natureza a Cunha. Abragendo os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, cerca de 4,5 % dos 100 mil hectares do Parque estão no município. A visitação ao parque deve ser agendada com antecedência, principalmente no caso de querer se aventurar pelas trilhas.
O Pico da Macela, que é considerado o ponto mais alto da região, com 1.840 km, fica na realidade em Paraty (RJ). Mas o caminho principal de chegada é por Cunha. De seu cume, em dias limpos, observa-se cerca de 180 km do Litoral Fluminense, onde estão Angra dos Reis, Paraty e a Ilha Grande. Do outro lado, se você estiver por lá no final do dia, a dica é observar o pôr do sol na Serra da Mantiqueira, com vista da cidade de Cunha. Do local parte uma trilha que vai até Paraty. Aconselhável contratar guia.
Suba somente em dias limpos. Para chegar ao local, siga até o km 65 da Rod. Cunha-Paraty, siga por mais 5 km de estradinha de terra. Vá devagar pois alguns locais estão esburacados. Na porteira, deixe o carro e siga a pé por mais 2 km de subida cimentada, mas bastante íngreme. Vá preparado com água, boné, lanche e protetor solar, pois o local não tem infraestrutura.
Mirante do Pinhal - Com vista da cidade de Cunha, da Serra da Mantiqueira e do mar de morros que se esparrama por toda região. Acesso Estrada do Pinhal
Mirante da Pedra Grande - Uma caminhada por trilha fácil chega-se ao Mirante da Pedra Grande com vista de toda baía de Angra dos Reis e Ilha Grande. Acesso Estrada do Rio Manso
Mirante da Pedra da Espia - Vista das encostas de Mata Atlântica da Serra do Mar e das baías de Angra dos Reis, Ilha Grande e Paraty. Acesso Estrada do Rio Manso
Gruta da Canhambora - A Gruta da Canhambora é formada por 60 galerias interligadas que foram utilizadas como refúgio por índios e depois pelos escravos. Fica em uma propriedade particular no distrito de Campos Novos e o acesso se dá por trilha de grau de dificuldade difícil. Acesso Rodovia Cunha - Campos Novos (30 km de estrada asfaltada). Daí são mais 12 km em estrada de terra até a porteira que dá acesso a Gruta.
Trilhas da Trilha do Ouro
A mais antiga operadora de trilhas em Cunha faz a trilha do Veado, com 24 km, e a Mambucaba, com 18 km. Levam de 2 a 3 dias pela Trilha do Ouro, partindo de Campos Novos de Cunha. Faz trekking, cavalgada,bike e rafting.
Trilhas no Parque
Várias trilhas e passeios, mas somente com agendamento prévio e guiadas.
Trilha do Rio Bonito
Tem 7.600m, com grau médio.
Trilha do Rio Paraibuna
Com percurso de 1.700m, grau fácil, auto guiada.
Trilha das Cachoeiras
Percurso de 14,4 km, sendo 6,8 no veículo do visitante, dificuldade média.
Passeio Off-Road
Com 30 km pelo Núcleo Cunha, com cachoeiras, almoço na roça e visita à ceramista.
Passeio Off-Road Cachoeiras
Visitando as do Pimentas e Desterro, com parada para banho e lanche.
Roteiro Turismo Rural
Visita à criação de búfalos e cachoeiras.
Roteiro Calçada do Ouro
Percurso de 1 dia, a combinar.
Roteiro Bocaina-Paraitinga
Pesquisas recentes comprovam que a primeira “Estrada do Ouro” passou por Lagoinha. A conclusão é de um grupo de pesquisadores da Câmara Municipal de Taubaté e da UNITAU, que encontraram documentos comprovando um caminho que ia de Taubaté direto pra Cunha. Isso desde o final do século XVI, em 1596. A pesquisa comandada pela historiadora Lia Mariotto confirmou a existência do antigo caminho dos Guainazes, que ligava Paraty ao interior do Brasil, passando por Cunha, Lagoinha e Taubaté e depois, subindo pela Serra da Mantiqueira, via Garganta do Piracuama e seguindo pelo Vale do Sapucaí, já em Minas Gerais.
Com os documentos comprobatórios apresentados pelos pesquisadores, denominou-se chamar este caminho de “Roteiro Esquecido”, ou “Antigo Camimho do Ouro” .
De outro lado, o historiador João Veloso, de Cunha, em seu recente livro “História de Cunha” , também comprova que o caminho antigo subia de Paraty para o Facão (Cunha), seguia pelo local chamado de Aparição e alí tomava o rumo da Serra da Catioca, indo passar perto da Cacheira Grande, em Lagoinha, e passando em Taubaté. Os dois historiadores não titubeiam em afirmar que este caminho pode ter sido o primeiro a servir ao transporte do ouro, pois o caminho que sempre foi citado pelos historiadores só foi construído no início de 1700.
Instituto - O roteiro da A Estrada Real foi elaborado pelo Instituto Estrada Real, que levantou por onde passava o caminho do ouro. Mas suas pesquisas mostravam que o caminho seguia de Cunha para Guaratinguetá, mas agora se comprova que esse não foi o primeiro traçado. Construído com o objetivo de transportar o ouro das Minas Gerais para Portugal, o tempo fez do caminho bem mais do que isso.
A Estrada Real teve importância indiscutível na colonização de vastas regiões do território brasileiro. Afinal, era a única via de acesso às reservas de ouro e diamante da Capitania das Minas Gerais. Abrir outros caminhos era considerado crime de lesa-majestade pela Coroa Portuguesa, que precisava controlar rigorosamente a circulação de pessoas, mercadorias e animais para conseguir o máximo. Fazenda Santana Marco da Estrada Real possível de tributos.
Quando o ciclo da mineração chegou ao fim, esse controle perdeu a importância, mas a liberdade veio acompanhada pela pobreza.
A mesma rota é hoje rica em história e cultura. O Instituto Estrada Real trabalha pela revitalização da Estrada por meio do turismo e tem foco em quatro principais atividades econômicas: cachaça de alambique, gemas e jóias, queijos especiais e artesanato.
No trecho do município de Cunha foram colocados 52 marcos em concreto, indicando por onde passava a histórica trilha.
Em 2011, o Instituto colocou placas e marcos em Lagoinha e Taubaté, comprovando a veracidade das pesquisas dos dois historiadores.
O centro de Cunha merece uma visita a pé. O primeiro programa é passar pela Igreja Matriz, prédio do final do século XVIII, que guarda, até hoje, traços da pujança arquitetônica da época. Na parte interna ainda tem imagens e altares suntuosos talhados em madeira, retrato da riqueza dos coronéis.
A Igreja de N.S. do Rosário é do mesmo período, mas, internamente, apresenta singeleza, costume dos negros daquele tempo.
O Mercado Municipal vale uma visita. Construção datada do século XIX, foi primeiro igreja. Tem em seu interior um chafariz importado que servia água à população. Nas ruas ao lado, vários casarões do ciclo do café ainda estão intactos, mostrando a beleza e a riqueza da época. Visite o escritório da Cunhatur, para informações sobre a cidade.
Como curiosidade, observe nas ruas o jeito tranquilo da gente da terra, ainda usando “patronas”, uma bolsa de lona, e pitando o cigarrinho de palha. Não deixe de ver o curioso Relógio de Sol, na Praça da Matriz. Atenção ao movimento de fusquinhas. A cidade é campeã em número de fuscas.
Hoje elas são cidades turísticas procuradas pela tranquilidade que oferecem no sossego de seus sítios e fazendas e até nas áreas urbanas. Mas em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, cidades como Cunha e Silveiras eram verdadeiras sentinelas em suas posições estratégicas na Serra do Mar. Através delas, as tropas legalistas de Getúlio Vargas tentavam passar para tomar o Vale do Paraíba e a capital de São Paulo, estado que ousou levantar-se contra o governo central e exigir a promulgação de uma nova constituição.
A história registra que nesse período mais de 600 vidas foram ceifadas. Muitas dessas pessoas eram, até então, pacatos fazendeiros da região.
Um deles, Paulo Gonçalves dos Santos, conhecido como Paulo Virgínio, de 33 anos, se destacou de forma trágica. Ele deixou o esconderijo em que abrigava a família em busca de alimentos, mas foi capturado por legalistas cariocas.
Os soldados o torturaram para obter informações sobre os constitucionalistas. Paulo Virgínio não revelou nada e foi obrigado a cavar a própria sepultura, sendo executado a seguir.
Cunha ergueu um monumento em sua homenagem. No local, se realizam parte das comemorações da Revolução Constitucionalista, em 9 de Julho, feriado estadual, instituído em março de 1997.
Do engajamento na revolução paulista para garantir a cidadania ao povo brasileiro, Cunha guarda o orgulho de não ter fugido à luta, mas também, especialmente nos mais velhos, a amargura de saber que por onde a guerra passa nada volta a ser como antes.
O Museu Municipal Francisco Veloso, é referência de pesquisa na região. O local guarda documentos antigos da cidade, peças de utilitários domésticos, fotos e jornais antigos. Um setor é dedicado somente para a cerâmica, com potes e vasos das antigas da cidade. Armas, objetos e informações destacam a participação de Cunha na Re-volução de 32. A biblioteca tem livros raros e históricos destinados a estudantes e pesquisadores.paneleiras da cidade. Armas, objetos e informações destacam a participação de Cunha na Revolução de 32. A biblioteca tem livros raros e históricos destinados a estudantes e pesquisadores.
Foi pelos idos de 1975 que um pequeno grupo de ceramistas idealistas, formado por japoneses, portugueses e brasileiros chegou a Cunha em busca de um local adequado para produzir sua arte.
O português Alberto Cidraes e sua esposa, Maria Estrela, foram estudar no Japão, se interessaram por cerâmica e, na aldeia Tsuru, conheceram o ceramista Toshiyuki Ukeseki e sua esposa, a enfermeira Mieko.
Alberto decidiu viver no Brasil e convenceu o casal de Japoneses de que aqui seria o local ideal para produzir cerâmica, com fartura de barro e madeira para a queima das peças.
Alberto e a esposa vieram em 1973. O casal Ukeseki só chegaria em 1975, ano em que decidiram procurar um local para montar um ateliê em conjunto.
Após algumas andanças pela região do Vale do Paraíba, estrategicamente localizada entre Rio de Janeiro e São Paulo, eles acreditaram ter achado o local que procuravam no município de Lagoinha. Satisfeitos, esticaram a viagem com o objetivo de chegar à praia, mas pararam em uma praça de Cunha e, ali, conheceram D. Maria, irmã do então prefeito da cidade. Ela pediu ajuda ao irmão, que cedeu ao grupo um Matadouro abandonado, à primeira vista sem condições de uso.
Mas era de graça, e, com pouco capital, os amigos dedicaram-se a construção do forno noborigama sob a orientação de Toshiyuki (que vive novamente no Japão). A partir daí, a cerâmica entrou para a história de Cunha.
Foi preciso aprimorar a técnica de construção dos fornos, vender a produção levando pesadas sacolas aos lojistas do Rio de Janeiro e São Paulo e, além disso, superar as diferenças culturais de um grupo tão heterogêneo.
Em 1976 aconteceu a primeira abertura pública de fornada, mas somente em 1988 os cerâmistas Gilberto Jardineiro e Kimiko Suenaga realizaram uma abertura com festa, onde teve até vinho. Assim o casal virou uma página na história da cerâmica, pois, a partir de então, os compradores foram até a cidade comprar a produção, eliminando o sacrifício da venda.
Através dos anos, uma fusão foi acontecendo entre a cultura local e as tradicionais técnicas japonesas. Os primeiros artistas locais foram Luiz Toledo e Leí Galvão e, depois, vieram outros. Hoje, mais de três décadas depois, notam-se algumas diferenças entre o que é produzido por artistas nativos e estrangeiros. Em alguns trabalhos sobressai a arte japonesa e em outros fica evidente a influência das paneleiras, como D. Anúncia, D. Dita e outras, que por lá já atuavam. Na essência de todos, porém, está o barro, elemento que, como diz Alberto Cidraes, “é o chão que a gente pisa e pode ser transformado numa coisa digna de figurar na mesa dos reis”.
Os ceramistas de Cunha ganharam em 2006 uma entidade para fortalecer o setor e divulgá-lo turisticamente. A Cunha Cerâmica, Associação dos Ceramistas de Cunha, já congrega a maioria dos artistas da cidade, independente do tipo de trabalho. Atualmente, a principal característica da produção de cerâmica de Cunha é a diversidade.
Cada ateliê ou ceramista criou seu próprio estilo e abordagem temática e conceitual. O trabalho, mais utilitário ou mais experimental, mais rústico ou mais acabado, define a personalidade e agenda de cada ateliê. O forno Noborigama, a lenha, de tipo japonês, foi durante 25 anos o traço de união entre alguns ateliês, interligados por uma história consistente e criativa. A cidade foi enriquecida com novos ateliês que introduziram outras técnicas em forno a gás, como o Raku, cerâmica instantânea de queima rápida.
Hoje, pode-se dizer que os ceramistas de Cunha se unem pela visão de cada peça como única, resultante de um processo manual, que possui alma própria.
As matas da região da Bocaina são locais onde a Araucária (araucaria angustifolia) predomina. Conhecida popularmente como pinheiro, gosta de regiões frias e úmidas, como é o caso da Serra do Mar. A exploração sem controle quase dizimou a espécie, mas aos poucos, foi valorizada pelo homem, principalmente sua castanha, conhecida como pinhão.
A partir do descobrimento do Brasil, viajantes, que por aqui passavam, descreveram a planta como um alimento ideal para quem estivesse viajando. Sua amêndoa foi considerada tão boa quanto as européias, conhecida e consumida por eles. Durante muito tempo, foi alimento dos índios que derrubavam as pinhas com flecha.
Os tropeiros que passavam pela Bocaina usavam o pinhão como alimentação básica, devido ao seu valor energético, possuindo cálcio, proteínas e ferro.
Recentemente culinaristas e pesquisadores passaram a criar pratos usando a amêndoa. Com isso, o pinhão entrou forte na gastronomia, tornando-se um atrativo em vários sabores.
O pinhão é usado no preparo de sopas, massas, biscoitos, bolos ou no acompanhamento de pratos a base de truta ou carne.
O ponto alto é a Festa do Pinhão, realizada todo mês de abril, logo após a abertura da colheita. Alguns donos de restaurante congelam a amêndoa e continuam a servi-la durante o ano.
Um dos mestres do artesanato local é o artista Isael. Em sua simplicidade, molda peças diversas em madeira e outros materiais. O destaque de seu trabalho fica por conta das miniaturas de tropas, onde os burrinhos ganham forma perfeita, inclusive com as cangalhas e jacás. Faz ainda aves e animais da mata atlântica.
Mas não deixa de retratar outros assuntos de Cunha, como a moda dos fuscas na cidade. Constrói miniaturas em madeira, onde a perfeição de seu trabalho chama a atenção dos amantes deste carro.