Localização:
Lagoinha está localizada numa região montanhosa do Alto Paraíba, entre a Serra do Quebra-Cangalha e a Serra do Mar.
Hidrografia: Rio Paraíba do Sul, Rio Capivari, Rio Piraí, Rib. Varadouro.
Extensão Territorial: 255,9 km²
Altitude: 915 metros
Habitantes: 4.824
Limites: Pindamonhangaba, Cunha, Guaratinguetá e São Luis do Paraitinga
Distâncias:
São Paulo - 165 km
Taubaté - 68km
São Luis do Paraitinga - 25 km
Cunha - 54 km
Ubatuba - 100 km
Temperatura:
Oscila entre 17° C e 18° C
Clima: Temperado médio
Lagoinha também nasceu em função da necessidade de paradas para descanso das tropas, que transportavam as riquezas do país, no século XIX, dos locais em que eram garimpados ou produzidos para os portos de Ubatuba, Caraguatatuba e Paraty. Por isso, a distância média entre essas cidades gira sempre em torno de 25 quilômetros, pois era esse o percurso que as mulas conseguiam cumprir ao longo do dia.
E foi para fazer o transporte do café colhido na região de Guaratinguetá e Lorena mais rápido, que os fazendeiros abriram uma estrada que transpunha a Serra do Quebra Cangalha, passava por um vilarejo chamado Lagoinha e ultrapassava a Serra do Mar, chegando ao porto de Ubatuba. No vilarejo em questão, os ranchos onde os tropeiros passavam a noite ficavam próximos a uma pequena lagoa.
Entre as famílias que começaram a se estabelecer por ali, estavam os Antocas, descendentes de portugueses. Foi essa família, que doou à Cúria Diocesana de Taubaté uma área de seis alqueires e meio de terra. Terreno localizado em São Luís do Paraitinga, na comarca de Paraibuna. Em março de 1866, essa área recebeu oficialmente o nome de Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Em janeiro de 1881, passou à condição de Vila, quando foi, então, instalada a 1ª Câmara Municipal da Vila de Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha. Em 1937, foi anexada a Cunha, voltando a pertencer a São Luís do Paraitinga em 1945. A emancipação política chegou em dezembro de 1953.
Pesquisa realizada pela Universidade de Taubaté indica que Lagoinha teve um crescimento populacional considerável na década de 80, e acredita-se que isso tenha ocorrido em função da retração do emprego industrial nas cidades da região, que levou os nativos da cidade de volta para casa.
A boa pedida na cidade é mesmo passear pelo centro, visitando as igrejas e os casarões coloniais. A praça atrai para o descanso quem procura um lugar pra “fazer nada” ou bater papo com um dos moradores, sempre receptivos.
Na zona rural, há as belezas da paisagem, principalmente para os aventureiros, que querem conhecer o Pico da Embira, ou a Cachoeira do Funil, no Rio Paraitinga.
Pelas estradinhas, chama atenção a quantidade de sítios e fazendas com gado leiteiro. Lagoinha é o maior produtor de leite da região, chegando a 40 mil litros diários, que alavancam a economia do município.
A atração maior é a Cachoeira Grande, no Bairro do Faxinal, que tem cerca de 40 metros de queda d`água. É própria para banho em um lago que se forma e tem rapel e tirolesa, com equipe especializada.
Tem área para camping e lanchonete, que oferece lanches, porções e peixe. Abre aos sábados e domingos e, no verão, realiza eventos nas noites de sábado e tardes de domingo. Estrada S. Luís/Lagoinha, km 18 + 2 km.
Com o título de “cidade mais católica do Estado”, Lagoinha se destaca em várias festividades religiosas. A principal delas é a Festa do Divino, que acontece em julho, uma data fora do calendário religioso, devido a concorrência da festa de São Luís do Paraitinga.
O evento tem a bandeira do Divino, que percorre o município o ano todo, arrecadando prendas. O dia da festa tem alvorada com a banda, buscando as bandeiras e acordando os festeiros, que saem pelas ruas convidando o povo para o grande dia.
Na Praça da Matriz, grupos folclóricos da cidade e convidados se apresentam o dia todo. No meio do dia, o almoço tem como prato típico o fogado, que usa cerca de 3 mil kg de carne, 600 kg de batata e 200 kg de arroz. É servido no Recinto de Exposições. À tarde as festividades terminam com a tradicional procissão em homenagem ao Divino.
Quem quer conhecer o que há de mais autêntico na cultura folclórica no Vale do Paraíba não pode deixar de conhecer as danças e cantos desta cidade. Um fato curioso é que a cidade ficou parada no tempo, proporcionando assim uma hibernação dos costumes. Há pouco mais de cinco anos, algumas pessoas resolveram fundar o Grupo Orgulho Caipira, que é comandado pelo folclorista Amarildo Pereira, filho de cantadoresda cidade, com o objetivo de resgatar essas tradições.
Foi assim que as danças do jongo, moçambique, do sabão, do caranguejo e cantos de mutirão e folias voltaram para a praça, resgatando lembranças na população e criando um sentimento de orgulho pelas tradições.
As Folias do Divino e de Reis fazem cantorias o ano todo, pela cidade e também pela zona rural, num costume que estava morrendo. A cidade tem ainda a Dança de São Gonçalo, Dança de Moçambique e a Catira.
Apesar de ser um município pequeno, a comunidade religiosa do local ainda guarda antigas tradições como a Folia do Divino, Moçambique, Congada, Folia de Reis e danças folclóricas. O Grupo Orgulho Caipira faz vários cantos e danças, que já morreram na maioria dos municípios do Vale do Paraíba. Caranguejo
Também bastante antiga, nasceu como opção para divertir a família, pois havia as que não gostavam de baile. Essa foi a maneira que os cantadores acharam para o pessoal dançar. É uma dança em roda, com versos improvisados e rimados.
Dança do Sabão
Quase igual ao caranguejo, mas um gesto as diferencia: os braços se movem como se estivessem fazendo sabão no tacho. Fazem versos na hora, com rimas sem sentido, somente pra rimar. Dançam em fila, homens de um lado e mulheres de outro.
Lundu
Chegou antes do caranguejo e do sabão. Só bate o pé, sob o som da viola, sem cantos. Quando a viola repica, os pares trocam de lugar, da direita para a esquerda.
Jongo Caboclo
Talvez seja o último reduto desta dança em sua forma original no Vale do Paraíba. É o jongo antigo, chamado caboclo, com os integrantes vestindo capas de boiadeiro e chapéu para se protegerem do frio e também esconder uma garrafa de pinga. Os participantes não dançam em roda, somente giram sobre si, sem sair da posição e fazendo os versos na hora. Um canta e outro tem que “desatá”. Há uma fogueira e o atabaque, que é esquentado até afinar o som. O “inguaiá”, instrumento feito de taquara com feijão dentro, faz a marcação.
Dança do Violão
No final da festa, ela é pura diversão. Ao som da viola, cinco pessoas dançam em torno de quatro cadeiras, tentando sentar-se. Alguém, claro, sempre fica em pé.
Canto do Mutirão
Conhecida como “Drão” , é uma das mais antigas tradições da região. Uma pessoa chama os homens para um serviço, principalmente roçada de pasto. Um dos integrantes puxa um verso, sempre como charada, e outro tem que responder.
Dança da Pinga
Os versos falam de pinga e é dançado em duas filas, mulheres de um lado e homens de outro. O homem puxa um verso improvisado e a mulher tem que responder.
Pesquisas recentes comprovam que a primeira “Estrada do Ouro” passou por Lagoinha. A conclusão é de um grupo de pesquisadores da Câmara Municipal de Taubaté e da UNITAU, que encontraram documentos comprovando um caminho que ia de Taubaté direto pra Cunha. Isso desde o final do século XVI, em 1596. A pesquisa comandada pela historiadora Lia Mariotto confirmou a existência do antigo caminho dos Guainazes, que ligava Paraty ao interior do Brasil, passando por Cunha, Lagoinha e Taubaté, e, depois, subindo pela Serra da Mantiqueira, via Garganta do Piracuama e seguindo pelo Vale do Sapucaí, já em Minas Gerais.
Com os documentos comprobatórios apresentados pelos pesquisadores, denominou-se chamar este caminho de “Roteiro Esquecido”, ou “Antigo Camimho do Ouro”.
De outro lado, o historiador João Veloso, de Cunha, em seu recente livro “História de Cunha” , também comprova que o caminho antigo subia de Paraty para o Facão (Cunha), seguia pelo local chamado de Aparição e alí tomava o rumo da Serra da Catioca, indo passar perto da Cachoeira Grande, em Lagoinha, e passando em Taubaté. Os dois historiadores não titubeiam em afirmar que este caminho pode ter sido o primeiro a servir ao transporte do ouro, pois o caminho que sempre foi citado pelos historiadores, só foi construído no início de 1700.
Lagoinha ainda guarda a tradição dos antigos pratos da região. Alguns deles é preciso pesquisar com os moradores. O tradicional suã com batata doce, é um deles. Mas outros aparecem nas festas populares, como o fogado, preparado na Festa do Divino e servido ao povo gratuitamente.
O sistema de fritar a carne de porco e depois guardar na banha ainda é usado no Restaurante da D. Lia, sendo prato típico dos mais apreciados. Alí encontra-se também a batatinha frita, cortada em rodelas.
O diferente bolo de abóbora com fubá de arroz e açúcar mascavo, cujo nome original é manauê, continua no cardápio de algumas famílias. Tradição resgatada com D. Maria Aparecida, que nos forneceu a receita. O requeijão de prato é tradicional também, pois o município é o maior produtor de leite do Vale do Paraíba.
Içá – No final do mês de outubro, ou começo de novembro, a cidade vive uma das tradições dos sabores do Vale. A tradição de saborear a içá, que faz sua revoada nesta época. Muita gente vai pra junto dos formigueiros esperar elas saírem, outros ficam a correr pelas estradas e ruas, catando aquelas que caem. Muita gente congela as içás, pra poder ter a iguaria o ano todo.
Nesta época as formigas praticamente tocam dos formigueiros os chamadas sabitús (macho) e, depois, as içás (fêmeas) que fazem a revoada e, em pleno vôo, fazem o acasalamento. Depois as içás descem, cortam as asas e vão tentar formar mais um formigueiro.