Localização: Nas encostas da Serra da Mantiqueira, na divisa com Minas Gerais
Ext. Territorial: 332,7 km²
Altitude: média de 685m
Habitantes: 4.197
Hidrografia: Rio Buquira e Rio do Peixe
Limites: São José dos Campos, Santo Antônio do Pinhal, Tremembé e Sapucaí Mirim-MG.
Distâncias:
São Paulo 122 km
SJCampos (Dutra) - 35 km
São Fco Xavier - 22 km
Temperatura:
Média de 19° C
Clima: Tropical
Antes de se chamar Monteiro Lobato, o município teve quatro denominações: Freguesia das Estacas, Freguesia de Nossa Senhora do Bonsucesso do Buquira, Vila das Palmeiras do Buquira e Vila do Buquira. Na língua tupi, Buquira quer dizer Ribeirão dos Pássaros.
O povoado de Buquira foi criado em território de Caçapava e Taubaté sob a invocação de Nossa Senhora do Bonsucesso.
No que se refere à aldeia, não há registro histórico de um fundador.
Presume-se que, mandados por Jacques Félix, alguns bandeirantes em direção a Minas Gerais tenham montado passagem onde atualmente é o centro urbano da cidade. Levando-se em conta a criação da Freguesia, nos anos 40 do século 19, os fundadores seriam os doadores das terras para a formação do patrimônio da Freguesia de Nossa Senhora do Bonsucesso.
Sob o aspecto eclesiástico, a povoação foi elevada à Freguesia e Distrito de Paz em 25 de abril de 1857, e incorporada ao município de Taubaté.
Buquira só ascendeu à condição de Vila em 26 de abril de 1880 e, depois, a de cidade, em 19 de dezembro de 1900.
Reduzida à condição de distrito em 1934, esta foi incorporada ao município de São José dos Campos, do qual finalmente se emancipou em 1948. Um ano depois ganhou o nome de Monteiro Lobato.
O nome é uma homenagem ao eminente escritor Monteiro Lobato, que na fazenda do Buquira iniciou sua carreira literária escrevendo os contos de Urupês. Mais tarde a fazenda do Buquira passou a se chamar Fazenda do Visconde e, depois, Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje atrai muitos turistas.
Quem chega em Monteiro Lobato, logo nota que as lembranças do escritor estão vivas. A começar pelos nomes dos estabelecimentos comerciais, como Cuca, Tia Nastácia, entre outros. Entrando nas casas de artesanato, a atração maior fica por conta das bonecas, com diversidade de tamanhos e cores. Com certeza, elas são as imitações da boneca Emília, personagem do Sítio de Monteiro Lobato.
E isso se justifica, pois foi numa fazenda do município que o escritor criou a personagem mais famosa de seus contos, além de todos os outros personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Além de tudo isso, Monteiro oferece ainda muito mais. É só ir devagar e prestar a atenção no que a cidade tem.
Por estar encravada nas encostas da Serra da Mantiqueira, a meio caminho do Sul de Minas, as belezas proliferam. A natureza preservada está por todos os lados, com muito verde, ribeirões e cachoeiras para banhos gelados. A região mais procurada pelos turistas fica no Bairro dos Souzas, indo em direção à serra.
Da antiga denominação, Buquira guardou a tradição caipira, que pode ser apreciada começando pelo paladar. Vários restaurantes da cidade são especializados em pratos da cozinha regional, como o virado de feijão, leitoa pururuca, lombo, frango caipira, o imperdível torresminho e outras tantas delícias preparadas por cozinheiras que entedem de um fogão a lenha.
Não podem deixar de ser apreciadas as variedades de doces caseiros, que vão desde o tradicional doce de abóbora, passando pelos mais variados preparados de frutas de época, até as frutas exóticas.
Igreja Matriz - A igreja, em homenagem à Nossa Senhora do Bom Sucesso, teve seu alicerce iniciado em 1894 e levantadas as paredes em 1904. Por volta de 1915, o reboque estava pronto. Seu interior é ricamente decorado com vitrais decorativos e pinturas, feitas em 1952, com traço barroco, é obra do artista plástico Antônio Limones. O prédio só ficou pronto em 1959. Rua Cônego Antônio Manzi, 110 .
Gruta Nossa Senhora de Lourdes - Construída em 1959, é local de preces dos devotos. Rua Bernardino de Campos, s/nº - Centro.
Mirante das Antenas - Local de onde se avista todo o vale em que está a cidade. Estrada do Livro, km 3,5.
Cachoeirão da Usina - Local próximo da cidade, onde funcionava a antiga Usina da cidade. Tem queda d´água e piscinas para banho.
Capela de Santa Rita - Sua construção é anterior a 1944, sendo ponto de referência para os turistas. Fica no Bairro dos Souzas.
Cachoeiras do Zé Maria - No Ribeirão do Bairro dos Souzas, com três quedas d´água. Está a 11 km do centro da cidade.
Poção do Nelson - Local para banho. No Rio Buquira, a 3 km da cidade, na Serrinha.
As bonecas de pano fazem o visual da cidade. Penduradas pelas portas, janelas e residências, marcam o carinho que a população tem pelo escritor. Mas a Monteiro Lobato, cidade, tem ainda várias manifestações culturais de destaque.
Grupo de Moçambique Esperança - Teve início em 1940, pelos irmãos Francisco Lourenço e José, no bairro da Pedra Branca.
Tem cerca de vinte participantes entre adultos e crianças. Faz apresentações nas festas religiosas da cidade e atende convites.
Grupo de Catira Tangará - A dança surgiu na década de trinta, quando ainda era o Distrito de Buquira. Os irmãos Francisco Rosa e Antônio Rosa foram alguns dos precursores da dança na cidade. Tangará é o nome de um pássaro da localidade que costuma andar em passos. Apresenta-se nas festas da cidade e em outras cidades.
Pereirões - A tradição começou na década de 60, com o aparecimento dos primeiros bonecos. Atualmente os bonecos saem nas festas populares e animam os carnavais de rua da cidade. Informações na Secretaria de Cultura e Turismo.
Associação dos artesãos de Monteiro Lobato - Congrega os artesãos do município, cuja maior produção são as bonecas de pano em todos os tamanhos e acabamentos.
Banda Municipal de Monteiro Lobato - Tem a participação de jovens da cidade e se apresenta em eventos. I - Erivaldo dos Santos Mello é escultor, usando como matéria prima a madeira e apenas o formão com o martelo. Faz quadros, placas, chaveiros e imagens talhadas. Rua Pietro Datti, Centro.
Cultura regional viva
O Instituto Pandavas, Núcleo de Educação e Cultura, é a continuação do trabalho de 30 anos do Centro Pedagógico Casa de Pandavas, uma das mais antigas entidades da região a desenvolver um trabalho voltado para a sustentabilidade do homem. O Instituto Pandavas, criado em 2008, congrega voluntários da cidade. A entidade realiza trabalhos de educação ambiental, formação de viveiro de mudas, escola infantil e trabalhos com reciclagem de lixo. Tem cursos de educação infantil e ensino fundamental, oferecendo oficinas de ações educativas e culturais. Bairro dos Souzas. www.institutopandavas.org.br
Fogado - Conhecido por este nome, Eduardo de Paula faz esculturas em argila, madeira, papel e fibras naturais. Rua Bernardino de Campos, centro.
Ateliê Missae Odo - Ceramista faz trabalhos em argila envelhecida para modelagem de esculturas, recipientes para arranjos, potes e instrumentos musicais. Estrada da Gruta, 1301 - Bairro dos Souzas.
Centro Cultural - Centraliza apresentações culturais da cidade e oficina de bonecões. Pça Cunha Bueno.
Há anos as crianças de todo o Brasil vivem os sonhos e aventuras do Sítio do Pica- Pau Amarelo e seu Reino das Águas Claras. Mas o que pouca gente sabe é que o sítio existe de verdade e está localizado em Monteiro Lobato.
O Sítio do Pica-Pau era a Fazenda Buquira, pertencente ao Barão de Tremembé, seu avô. O prédio, todo conservado, tem 19 cômodos e foi construído em 1870. Guarda ainda muitos móveis da época para visitação pública. Foi ali que Monteiro escreveu Urupês, o Saci, criou o pesonagem Jeca Tatu e se inspirou pra criar seu mundo imaginário infantil. Nasceu assim o Reino das Águas Claras, com Emília, Tia Nastácia, Sabugosa e outros. Segundo ele, os personagens viviam no reino das Águas Claras, cujo ribeirão e cachoeira ainda estão lá.
A atual proprietária da fazenda, Maria Lucia Ribeiro, juntou todas essas histórias e outras que ninguém sabe e transformou o local em um museu para visitação pública. Ela está se empenhando para provar também que Monteiro nasceu alí, e não em Taubaté, como afirmam as biografias oficiais do escritor.
Diz ela que todos os indícios levam a crer que sim, pois ainda não apareceu nenhuma prova em contrário. Afirma que um dos indícios é um trecho do livro a Barca de Gleyre, escrito nos EUA, onde o próprio Monteiro afirma “ter nascido no Buquira”.
Maria Lúcia afirma ainda que a descrição do sítio que ele fez é mais uma prova, quando afirma que “onde atrás do casarão corre um rio de águas claras, onde peixinhos nadam de olhos arregalados”.
E outro questionamento é que a Fazenda do Buquira pertencia ao município de Taubaté.
Atualmente a fazenda está aberta para a visitação do público com reserva antecipada e pagamento de uma taxa. Se o visitante quiser, pode reservar almoço, onde são servidos pratos que Monteiro apreciava. Chama a atenção ainda a doçaria e licores que Maria Lúcia e suas cozinheiras preparam usando sempre as frutas de época. Destaque para o licor de coquinho e a geleia de amora silvestre.
História Oficial- Em 18 de abril de 1882, em Taubaté, estado de São Paulo, nasce o filho de José Bento Marcondes Lobato e de Olímpia Augusta Monteiro Lobato. Recebe o nome de José Renato Monteiro Lobato que, por decisão própria, modifica, mais tarde, para José Bento Monteiro Lobato, desejando usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J.B.M.L.
Aos 15 anos perde seu pai, vítima de congestão pulmonar, e aos 16, sua mãe. No colégio funda vários jornais, escrevendo sob pseudônimo. Aos 18 anos incompletos entra para a Faculdade de Direito por imposição do avô, pois preferia a Escola de Belas Artes.
Em 1904, diploma-se Bacharel em Direito; em maio de 1907 é nomeado promotor em Areias, casando-se no ano seguinte com Maria Pureza de Natividade (Dona Purezinha), com quem teve os filhos Edgar, Guilherme, Marta e Ruth.
Em 1911 morre seu avô, o Visconde de Tremembé, e dele herda a fazenda do Buquira, passando de promotor a fazendeiro.
O solo esgotado e as dificuldades com a mão de obra levam-no a vender a fazenda em 1917 e a transferir-se para São Paulo. Mas na fazenda escreveu, três anos antes, Uma Velha Praga e Urupês, os artigos de jornal em que surgiu Jeca Tatu, personagem símbolo de sua obra.
Compra a Revista do Brasil e começa a editar seus livros para adultos. O inquérito sobre o saci pererê e Urupês iniciam a fila em 1918. Funda sua primeira editora, Monteiro Lobato e Cia., seguida pela Cia. Gráfico-Editora Monteiro Lobato, que liquidou em 1925, transformando-se depois em Companhia Editora Nacional.
Entre 1927 e 1931 vive nos Estados Unidos como adido comercial junto ao consulado brasileiro em Nova Iorque.
Quando voltou, foi perseguido, preso e criticado porque teimava em dizer que no Brasil havia petróleo e que era necessário explorá-lo para dar ao seu povo um padrão de vida à altura de suas necessidades.
Desde 1920 dedicou-se à literatura infantil. Com a menina do Narizinho Arrebitado deu início à saga do Sítio do Pica-Pau Amarelo e seus célebres personagens. Através de Emília diz tudo o que pensa; na figura de Visconde de Sabugosa critica o sábio que só acredita nos livros já escritos. Em 4 de julho de 1948, perde-se esse grande homem, vítima de derrame, na capital de São Paulo.