Paraibuna formou-se de um pouso de tropeiros. Segundo publicações, o nome Paraibuna originou-se do vocábulo formado por "Pira"-peixe, "Hyb" -água e "Una"- escura. Logo, Paraibuna significa "Peixe de Água Escura". Alguns novos historiadores afirmam que significa "Rio de Água Escura".
Em meados do século XVII, alguns homens, provenientes de Taubaté, desceram o Rio Paraitinga e pararam no local onde este encontrava o Rio Paraibuna. Embrenharam-se na mata e, a 2 km acima, construíram uma cabana e uma capela em homenagem ao santo do dia, formando assim a povoação denominada Santo Antônio da Barra do Paraibuna. Continuou, assim, como pouso dos passantes por dezenas de anos.
Em 1773, o Capitão D. Luiz Antônio de Souza, nomeou Manoel Antônio de Carvalho para administrar o povoado, determinando que os "foros, vadios e vagabundos, sem domicílios certos e sem utilidade para a República" fossem habitar as ditas "terras de Paraibuna".
Moradores se revoltaram e conseguiram, em 1775, a revogação da tal ordem e a concessão da Carta de Sesmaria para João Simões Tavares, Manuel Garcia Rosa, Manuel Motta e José Pereira, que receberam "uma légua de terras em quadra". Em 7 de dezembro de 1812, cria-se a Freguesia de Santo Antônio de Paraibuna, com a construção de uma capela e nomeação de um pároco, com a primeira missa acontecendo somente em 13 de junho de 1815, pelo vigário Padre Modesto Antônio Coelho Neto.
O ciclo do café começa na cidade em 1806, com a entrega da Sesmaria da Fartura para Antonio de Souza Carvalho. A partir de então, são construídas as grandes fazendas cafeeiras, elevando a economia local. Em 1832 a freguesia passa à condição de Vila e, em 1833, é realizada a primeira eleição para a Câmara Municipal. Em 1835, a Vila de Paraibuna já registrava cerca de 34 fazendas de cultivo de café e 87 sítios de culturas diversas.
Somente em 30 de Abril de 1857 o governador elevou Paraibuna a categoria de cidade. Em 30 de março de 1858 foi elevada à Comarca. Em 1860, chega o cultivo do algodão, como ponto de equilíbrio às dificuldades que estas fazendas passavam. A partir de 1920, com a chegada dos mineiros, a economia mudou o perfil para produção de leite. Em 1960, chegou a ser um dos maiores produtores na década. A construção da represa Paraibuna/Paraitinga, com a demanda da mão de obra e o alagamento das melhores terras, provocou novamente a decadência do meio rural, com a diminuição da produção leiteira e o êxodo dos moradores.
O final do ciclo do café na região do Vale do Paraíba teve Paraibuna como porta de saída. Durante um século, a economia fervia nas ruas da cidade, com negócios da produção de café e até mesmo comércio de escravos.
Deste período ainda restam várias construções que demonstram a pujança daqueles tempos. Em cada rua da cidade podemos encontrar um traço da época, quer seja em um prédio, no chafariz ou na bica d´água.
Bica D’ água - Antigamente denominada como Bica D’água, o nome da rua era na verdade 15 de novembro. Servia aos viajantes e aos moradores da cidade com a água que vinha do Fundão. Em 1961, a Prefeitura desapropriou a área e construiu a bica atual. Casario Colonial - Vários casarões, que antigamente eram as residências urbanas dos coronéis do café, ainda estão em pé. Na Praça da Matriz, dois são prédios comerciais,
dois públicos (Câmara Municipal e Fundação Cultural) e quatro são residenciais.
Na Praça Canuto do Val, um prédio residencial, e na Rua Major Ubatubano outro como comercial. Todos construídos até o final do século XIX.
Igreja do Rosário - Teve suas obras iniciadas em julho de 1841, com a abertura dos alicerces, por iniciativa de Salvador Rodrigues de Sant’Anna, que foi protetor da mesma igreja até o ano de 1870. No período de 1843 a 1858, houve uma paralisação nas obras. Em 1858, o Cel. Marcelino José de Carvalho fez uma arrecadação de donativos entre poucas pessoas e continuou a construção.
Em agosto de 1871, foi cantada a primeira missa solene, sendo celebrante o então vigário Antônio Pires do Prado.
Em 1928, numa reforma, foi suprimida a torre lateral e construída a torre central, como está atualmente. Nas décadas de 80 e 90 do século XX, uma reforma completa salvou o prédio do desmoronamento.
Igreja Matriz - A construção começou em 1872, em substituição a uma singela construção de pau-a-pique que existia no local. A inauguração aconteceu em 7 setembro de 1886 e a construção da torre foi iniciada em 1904 pelo Padre Francisco Felippo. Recebeu os sinos de Portugal e um relógio da Alemanha e foi inagurada em 1906.
A partir de 1954, reformas promoveram modificações no prédio e a mudança em sua originalidade. Nessa reforma, foram mantidos o presbitério e a pia batismal.
Após 1960, a parte interna do templo ganhou pinturas que contam a vida do padroeiro da cidade, uma verdadeira obra-prima do pintor Álvaro Pereira e seus filhos.
Morro do Cruzeiro - De frente para a cidade, é o local para fotos. Tem um cruzeiro e estátuas de Jesus e Nossa Senhora colocadas na década de 80. Procure ali ao lado uma residência onde há uma imagem natural de Nhá Chica, venerada em Baependi (MG).
Fundação Cultural - O prédio foi construído em 1878 por João Pereira de Souza Camargo, para abrigar uma fábrica de meias de algodão, matéria prima em abundância na época em Paraibuna. Foi residência da família, primeira sede da Associação Esportiva Paraibunense, Prefeitura Municipal e atualmente abriga a Fundação Cultural “Benedicto Siqueira e Silva”.
Gruta N.S. Lourdes - Construída no começo do século XX, é feita em pedra e concreto. Abriga a imagem de Nossa Sra. de Lourdes. Fica no final da Rua Cel. Marcelino, com entrada por uma ladeira.
Prédio da Cadeia - Atualmente abriga as dependências da Prefeitura Municipal. Foi construído no início do século XX para ser a cadeia da cidade. Muito tempo depois, com as devidas reformas, abrigou o “Fórum” na parte superior do prédio. Entre 1978 e 1980, foi feita a reforma da Antiga Cadeia e construído um anexo junto ao prédio. Aberto das 8h às 17h de segunda a sexta. Rua Humaita.
Santa Casa - O prédio da Santa Casa foi construído em 1901 para abrigar a Santa Casa de Misericórdia do Divino Espírito Santo. Foi reformada e ampliada várias vezes, mas guarda sua arquitetura original na fachada.
Parque do Fundão - O Parque Natural Municipal Dr. Rui Calazans de Araújo tem 67 hectares de floresta “Ombrófila Densa Montana”, parte do que restou da Mata Atlântica. Conhecido como Fundão, fica próximo ao centro da cidade, incluindo terras também Paraibuna conhecidas como “Morro do Rocio‘‘. Ficam alí as ruínas do primeiro sistema de abastecimento de água da cidade. Entrada pela Rua da Bica, somente com autorização e guias da Seção de Turismo.
Instituto Santo Antônio - No ano de 1915 foi criada a Associação Beneficente Santo Antônio, tendo como presidente o Sr. Oscar Thompson, cujo objetivo seria angariar fundos para a construção do externato, que começou a funcionar em 1923 com autorização da Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de São Paulo.
Depois virou internato, recebendo filhas dos moradores. Passa a funcionar com o Curso Ginasial a partir de 1952. As irmãs mantém atualmente atendimento social, educacional e católico para crianças do município. O prédio conserva ainda sua arquitetura original projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo. Fica na Rua Major Soares (Largo do Rosário).
Mercadão: Construído em 1887, por José Porfírio da Silva, em forma de barracão, de arquitetura única no Vale do Paraíba, com piso de chão batido, parede de tijolões, janelas e portas de madeira e telhado com características coloniais. Os produtores rurais vendiam a carne de porco, café em casca, arroz, frutas, palmito, fubá, feijão, quirera, farinhas de mandioca e de milho, rapadura e bananas. Usavam até o pátio em frente. Além do comércio, o Mercado Municipal teve ainda um papel social, pois foi lá que se iniciaram as apresentações de peças teatrais e também do primeiro cinema da cidade. O prédio foi totalmente restaurado em 1980.
Atualmente sua importâmcia para a cidade continua, mas muito menos do que no passado. Em seu interior ficam os boxes, com cereais, equipamentos de cozinha, açougues e lanchonetes. Está alí de volta o Pastel do Manezinho, feito por descendentes de Manuel Stábile. Uma cachaçaria com mais de 500 marcas atende aos apreciadores da boa caninha.
Nos fundos as bancas dos pequenos produtores, que funciona somente aos domingos, oferecem hortaliças. Outros produtores participam da Feirinha do Produtor Rural, que funciona nas quartas, sábados e domingos, das 7h às 13h. Tem oferta de legumes, verduras, queijos, doces e frango caipira. Tudo produzido no município.
O evento de maior destaque na gastronomia da cidade atualmente é a Pamonhada Paraibuna. Começou como uma brincadeira de carnaval, no Sítio da família Alvarenga, em 2000. No ano seguinte passou para o comando do Lar Vicentino.
Todos os anos quase 200 voluntários passam o carnaval preparando as delícias de milho, no Largo do Mercado, para atender cerca de 30 mil turistas que visitam a cidade, nos cinco dias de festa. Tudo é preparado na hora. A festa consome cerca de 60 mil espigas de milho, para produzir cerca de 30 mil pamonhas no caetê, além de bolos, curaus, sorvetes e sucos.
Passeando pelos campos e serras de Paraibuna, ainda podemos encontrar belas fazendas preservadas. São construções com mais de cem anos, da época em que o café dominava a região. Muitas dessas fazendas sucumbiram com o tempo, mas as principais foram preservadas. Algumas guardam ainda traços do ciclo leiteiro (1930 a 1970), quando o município produzia cerca de 60 mil litros de leite por dia. Hoje, as propriedades estão mais voltadas para o gado de corte e algumas dedicam-se à produção de horticultura e turismo rural.
Neste ambiente de raízes históricas, destaca-se ainda a opção do turismo de aventura, pelas estradinhas, cachoeiras, ribeirões e muita natureza. Para visitar as fazendas é necessário contato antes.
Fazenda Bom Retiro Do século XIX, foi produtora de café e reformada por volta de 1990, conservando suas características originais. Fica na Estrada das Laranjeiras, km 2.
Fazenda Boa Esperança: Construção datada de 1850, conservada na sua originalidade colonial. Tem dois terreiros de café e equipamentos antigos, como roda d’água, moinho de pedra e cozinha antiga com fogão a lenha. Estrada da Fartura, km 14 + 2km.
Fazenda Sta Rita: Construção em estilo colonial do começo do século XX, pertence à família Campos, e pode ser observada da estrada. Entrada somente com permissão do morador. Estrada do Vale da Fartura, km 20.
Fazenda do Porto: O local tem 100 leitos em 10 suítes, cozinha com fogão a lenha, quadra de esportes, campo de futebol, lago e piscina. Trilhas pela mata e piscina natural. Atende somente grupos de estudantes e igrejas. Estrada da Fartura (Porto), km 10.
Em 1803, o então Governador de São Paulo, França e Horta, ordena à Câmara Municipal de Jacareí abrir e franquear “o caminho que segue pela Paraibuna para a Marinha... que seu terreno tem toda a disposição para ser hum das melhores estradas que atrevessarão a Cordilheira da Serra”. Pedidos de Sesmarias são atendidos “na paragem chamada Ribeirão da Fartura”. Mas algumas delas são vendidas logo.
Nessa época, o Capitão Antonio de Souza Carvalho, morador em São Luís do Paraitinga, “onde vive de tropa que conduz carga”, compra a Sesmaria da Fartura. As terras mediam 4.500 braças de testada (9,9 km) por 3.750 braças de sertão (8,2 km). Abrangiam o quadrilátero formado pela fazenda do Bairro do Salto, Sta Cruz, Fartura, indo até a Capela de N. Sra. do Remédio.
Deve ter se fixado na região em 1806, pois, em 1 de junho de 1807, nasce seu filho Marcelino José de Carvalho. Em sua propriedade prevalece a policultura, mas com ênfase ao açúcar. Somente em 1810 a propriedade aparece no censo, demonstrando que produzia 1.500 alqueires de milho, 25 de feijão, 50 de arroz, tendo vendido 100 porcos cevados por 400$000 (Quatrocentos mil réis). Tinha ainda 31 trabalhadores escravos.
O Capitão Antonio de Souza Carvalho falece em 1825 e a fazenda aparece com 12 mil pés de café e produção de 900 arrobas de café (cada arroba é 14,675 kg). A viúva, Maria Custódia de Carvalho, e o filho Marcelino continuam o trabalho diminuindo a cultura do café e produzindo milho e cana-de-açúcar.
Em 1841, a Sesmaria da Fartura é dividida nas fazendas Fartura, no atual bairro do Porto, Fazenda Conceição, Fazenda Mato Dentro, Fazenda Capão (atual Boa Esperança) e Morro Azul, sendo entregues a filhos e genros.
Com a chegada do Cel. Eduardo José de Camargo, vindo de Taubaté, dois filhos casam-se com descendentes de Souza Carvalho. A família Camargo passa então a comandar várias fazendas do Vale da Fartura, o que permanece até hoje.
Em 1845 já contava com 60 proprietários e a produção de café em franco desenvolvimento. Com o declínio do café, por volta de 1860, passa a produzir algodão, porco e cana-de-açúcar, com engenhos de rapadura e cachaça. No final do século XIX, com a decadência do café, a Fazenda Fartura é vendida para a família Porto, passando a ser conhecida como Fazenda do Porto. Atualmente o novo proprietário dividiu a propriedade e vai reconstruir a antiga fazenda, voltando ao nome de Fazenda Fartura.
No início do século 20, com a chegada dos mineiros, algumas propriedades começam a mudar, adotando a criação de gado para a produção de leite. Durante o século XX, a região vai se dividindo em centenas de sítios, chácaras e fazendas.
Descendentes de Souza Carvalho e Camargo continuam no Vale da Fartura nas Fazendas Boa Esperança, Conceição, Sta Cruz, Grama e São João, com produção de gado de corte e reflorestamento.
Morro do Remédio - Um dos locais mais altos do município, com 1150 metros. Em dias claros é possível vislumbrar o Vale da Fartura e cidades do Vale do Paraíba ao longe. Conta a lenda, que ali foram mortos vários escravos que fugiram de fazendas de Paraibuna. Por isso, o local tem uma capela em homenagem a Nossa Senhora dos Remédios, padroeira dos negros, e também uma mina d’água, que seria o sangue dos negros mortos. Subindo um pouco fica o cruzeiro. A festa da santa acontece sempre dia 8 de setembro. Local para caminhada, passeios de jeep e mountain bike. Fica a 18 km da cidade, pela Estrada do Vale da Fartura. Entrada pelo Km 38 da Tamoios.
Portão do cemitério
O atual cemitério foi construído no final do século XIX, em substituição ao que havia no centro da cidade. A frase “NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS”, colocada no portão de entrada pelo Juiz Antonio Cândido de Almeida e Silva no final do século XIX, num primeiro momento espanta. Na verdade, o sentido é outro. O “VÓS” é a antiga forma para evocar Deus, e é a Ele que os mortos esperam. Mesmo assim, a frase tornou-se folclórica nacionalmente.
O cineasta Marcelo Masagão, que passava férias em Paraibuna, usou a frase como título de um documentário, onde evoca cenas de morte, encerrando o filme com imagens do local. Pça Benedito Mário de Calazans. Aberto das 8h às 17h.
Água. Muita água. É o que se pode ver em boa parte do município de Paraibuna. O responsável por isso foi o próprio homem, que, a partir de 1960, resolveu mudar a natureza. Começou aí o represamento das águas dos Rios Paraitinga e Paraibuna, que formam o Paraíba do Sul.
Duas represas foram construídas totalmente em terra. Uma no Bairro da Barra, fechando completamente o Rio Paraitinga e outra no Bairro do Rio Claro, fechando parcialmente o Rio Paraibuna. Neste local foi construída também uma Usina Hidrelétrica e uma Unidade de Meio Ambiente, onde a CESP pesquisa plantas, aves e peixes nativos da região.
O lago que fez diminuir as enchentes do Vale do Paraíba, diminuiu a agropecuária do município e criou a alternativa do desenvolvimento turístico.
Aos poucos as terras se transformaram em chácaras de lazer e as águas estão sendo cada vez mais procuradas para provas aquáticas e diversão. Marinas e escolas de vela já se instalaram para atender a demanda de esportistas.
Para chegar ao lago, existem várias alternativas, podendo até fazer o desembarque de barcos (veja barcos).
Anualmente acontece na represa a Regata Cidade de Paraibuna, com a participação de velejadores de várias cidades do Brasil e torneios de pesca.
Duas balsas fazem a travessia do lago, ligando com o município de Natividade da Serra. Os dois locais têm acesso para colocação de barcos na represa. A Balsa do Paraitinga (Ribeirão Branco), tem acesso pelo km 35 da Rodovia dos Tamoios. A Balsa da Varginha tem acesso no Km 45 da Tamoios (ao lado do Fazendão).
Atualmente grandes loteamentos, com toda a infraestrutura, estão sendo criados para um público seleto que busca paz e sossego.
Represa
Vários locais estão com acesso livre para a pesca de barranco. Os melhores são junto à ponte na Rodovia dos Tamoios, km 28, no trecho da represa de Santa Branca no Rio Paraíba e junto à cachoeira do Manduri (5 km pela estrada de Redenção da Serra). Após a Balsa do Ribeirão Branco, têm acessos livres para pesca de barranco, mas cuidado para não invadir propriedades particulares. Na Rodovia dos Tamoios, km 57, tem local para pesca e aluguel de barcos.
Com tantas características típicas ainda vivas na cidade, Paraibuna assumiu de vez seu lado caipira. Há alguns anos, o Conselho Municipal de Turismo adotou a marca “Paraibuna Chão Caipira”, com o objetivo de fortalecer o turismo de tradições e costumes locais, que estão arraigados na população.
Atualmente quem visita a cidade pode apreciar, estudar e comprar os costumes típicos em forma de rodas de violas, grupos foclóricos e, principalmente, os sabores típicos feitos por tradicionais cozinheiras, com receitas dos tempos da vovó.
Viver Paraibuna é encontrar ainda o que há de mais autêntico na cultura regional do Vale do Paraíba. Tradições que não podem morrer, pois a valorização da essência dos costumes é um dos principais motivos para o fortalecimento de uma comunidade.
Folia - Dentre as tradições folclóricas de Paraibuna, a Folia de Reis se destaca, como um trabalho de resgate da cultura. O costume estava se acabando aos poucos mas, há alguns anos, o violeiro Ronnie Santos resolveu pegar a empreitada, juntou alguns amigos músicos e fez a Folia sair todos os finais de ano, visitando os presépios.
Como já estavam todos juntos, no período da Festa do Divino eles mudam a bandeira e saem apresentando a Folia do Divino, outra tradição que havia sumido da cidade.
Seresta - Aos amantes da seresta, Paraibuna oferece este atrativo todos os meses. Desde 1995, um grupo de músicos realiza por conta própria a Serenata da Lua, sempre num sábado de lua cheia. O grupo, que leva o nome de seu criador, o seresteiro Nilson, sai por volta de meia noite e pecorre as ruas da cidade, cantando antigos sucessos do cancioneiro brasileiro.
Moçambique - A dança de Moçambique, a Catira e Dança de São Gonçalo ainda estão vivas. Um grupo de pessoas da cidade vem resgatando e vivenciando esses costumes, principalmente nas festas populares do município. É comandado também pelo violeiro Ronnie Silva, que tem o apoio da Fundação Cultural, onde realiza os ensaios.
Instituto Chão Caipira - É uma Oscip voltada para a pesquisa e preservação da cultura caipira. Além de projetos culturais mantém na internet a TV Chão Caipira, onde posta vídeos e textos sobre a cultura regional de todas as cidades do Vale do Paraíba Paulista. www.tvchaocaipira.com.br Rodovia dos Tamoios, km 35. Tels. (12)39740018/ 997019602.
Atualmente quem visita a cidade pode apreciar, estudar e comprar os costumes típicos em forma de rodas de violas, grupos foclóricos e, principalmente, os sabores típicos feitos por tradicionais cozinheiras, com receitas dos tempos da vovó.
Viver Paraibuna é encontrar ainda o que há de mais autêntico na cultura regional do Vale do Paraíba. Tradições que não podem morrer, pois a valorização da essência dos costumes é um dos principais motivos para o fortalecimento de uma comunidade.
A Fundação Cultural “Benedicto Siqueira e Silva”, criada em 1994, faz o trabalho de congregar, pesquisar e fortalecer a cultura local.
Mantém grupo de teatro, música, Comissões Municipais Setoriais, oficinas, Batalhão de Moçambique, Folia de Reis, Pastorinhas e Arquivo Histórico, com documentos raros à disposição para pesquisa. A entidade é uma autarquia da Prefeitura Municipal e tem uma agenda cheia de atrações que pode ser apreciadas por quem visita a cidade. A programação tem todos os meses, Sarau Cultural,
Arrasta-pé, Serenata da lua, Retreta com a Corporação São Benedito. Em agosto realiza a Festa do Folclore.
A cidade é rica em artesanato e trabalhos manuais de muitas senhoras. O principal local para compra dessas artes é a Casa do Artesão, mas nas festas os artistas sempre aparecem.
Há mais de trinta anos a comunidade católica da cidade realiza a encenação da Via Sacra. Os atores são pessoas simples da cidade que se reúnem, ensaiam, confeccionam os trajes e, na Sexta-feira Santa, saem às ruas para mostrar ao vivo o sacrifício de Jesus. O detalhe é que não é simplesmente um teatro, mas sim uma ação religiosa, mostrada com muito respeito.
Um dos pratos mais característicos da região do Vale do Paraíba é o afogado, mais conhecido como ‘fogado’. Sua história remonta há mais de um século e, de acordo com antigos cozinheiros, fazendeiros e pesquisa em documentos, o fogado nasceu de forma muito simples.
Consta que os fazendeiros matavam as vacas mais velhas para fazer carne seca, cujo modo de preparo ajudava a conservar e amolecer a carne endurecida devido à idade dos animais. As pernas e mãos eram rejeitadas e aproveitadas pelos escravos e, posteriormente, empregados das fazendas.
Essas partes eram cortadas e colocadas em panelões, apenas com água e sal, por uma noite inteira, para amolecer. Com certeza vem daí o nome “afogado” ou, popularmente, “fogado”. O prato não tinha gordura, somente o mocotó e o tutano do osso, que lhe davam um sabor especial. O molho era a base de urucum, alho, cheiros verdes, alfavaca e hortelã pimenta. Essas duas últimas ervas eram colocadas para ajudar na digestão, segundo tradições negras.
Tava pronto pra comer, mas com um jeito especial. Colocava-se a farinha de mandioca no prato, e um pouco de caldo bem quente, fazendo no prato um pirão. Depois colocava a carne e o arroz. Por causa do pirão, o fogado tem que ser servido sempre quente.
Tradição em Paraibuna - Por cerca de 70 anos, até falecer em 1983, Manoel Stábile, o popular Manezinho, vendeu no Mercado Municipal de Paraibuna um fogado semelhante a esta receita. O toque pessoal de Manezinho era limpar os ossos e colocá-los no fundo da panela para não queimar a carne.
A partir de 1920/30, com o aumento dos rebanhos e a política, o prato se disseminou, mas também ganhou as misturas das carnes, descaracterizando sua originalidade. Depois, vieram as festas religiosas, durante as quais muitos bois eram preparados no estilo do ‘fogado’, mas com o acréscimo de batata, macarrão ou mandioca. Essa última variação ganhou o nome de “Vaca Atolada”.
Quem trafegava pela Tamoios em direção ao Litoral Norte sempre encontrava o famoso lanche de linguiça, preparado na chapa a lenha. No início era mesmo pela necessidade, pois não existiam as chapas modernas da atualidade.
Mas o tempo mostrou que tinha que ser a antiga maneira de fazer mesmo, pois só assim o lanche ganha um sabor especial devido a temperatura do fogo. Ficou provado que assim o suco do sabor não sai da carne sobre a chapa, e, sim, incorpora ao lanche. Aos poucos, a moda foi crescendo e atualmente tornou-se, digamos, um prato típico da Tamoios. Quase todos os bares e restaurantes têm a sua chapa a lenha à mostra, sob pena de perder os amantes deste sabor.
Na década de 50, a família Vieira e Silva se estabelece no segmento de bar e restaurante no centro da pequena Paraibuna (bar do cinema), pois era por este local que passava a antiga estrada São José-Caraguá, ainda em terra batida, utilizada por “ousados” turistas em busca de delícias do Litoral Norte.
Na década de 60, com o asfaltamento, os turistas passavam junto ao Rio Paraíba, que corta nossa cidade. Os Vieira e Silva foram para lá, abrindo o Restaurante do Miguel e, posteriormente, o Bar 2 Antônios.
Na década de 70, surge a atual Rodovia dos Tamoios, com novo traçado. Os Vieira e Silva, já com 26 anos de bons serviços prestados à sua fiel clientela, foram atrás, construindo, em 1976, o Bar e Restaurante Fazendão.
Atualmente é administrado pela terceira geração da família e ainda tem um dos precursores desta saga, com 84 anos, em atividade pelas dependências do Fazendão, sempre preocupado com a qualidade do atendimento aos clientes. Na cidade, pode-se encontrar a linguiça local feita artesanalmente ou mesmo as famosas Frimarchi, onde o destaque é a Lulinha, que ganhou esse nome devido à preferência do ex-Presidente, que sempre recebia a iguaria em Brasília.
Um dos pontos altos da cultura local é a realização, no mês de junho, da Feira do Turismo “José Vilhena”. Este evento coloca na praça pública as mais importantes tradições locais, desde o artesanato, passando pela cultura musical até os sabores da terra. É destaque os produtos preparados em fogão a lenha. São preparados café de pilão, rapadura, paçoca, cachaça, entre outras delícias caipiras. E tudo feito por gente de casa. Feira do Turismo Mês de junho, próximo ao dia 13. Local: Largo da Matriz.
Rodovia Estrada dos Tamoios, o principal caminho que leva ao Litoral Norte, está ficando de cara nova, com as obras de duplicação.
O projeto prevê obras até o entroncamento de Caraguatatuba. Por isso, durante todo este ano muito cuidado ao trafegar por alí.
Mas o que é bom é que as tradições culinárias não vão se apagar. Por aqui, tem muitas belezas naturais, a vida simples dos moradores e a riqueza da cultura caipira, ainda resistente aos modernismos.
Diminuindo a marcha, o turista pode observar a natureza intocada de trechos da floresta atlântica. Ou admirarsecom a beleza feita pela mão do homem, como a represa de Paraibuna, onde a imensidão d´água pode proporcionar momentos inesquecíveis de diversão.
Pelas ruas de Paraibuna, o retrato vivo da história, principalmente do ciclo do café, com casarões e velhas fazendas ainda mostrando toda a pujança que o período teve na região.
Mas o que atrai mesmo é a profusão de sabores que enchem o estômago de quem resolve fazer uma paradinha.
Comida caipira com fogão à lenha, tradicional fogado, frango, os pratos elaborados e carnes de primeira linha. Há ainda os sabores semi-industrializados, como queijos doces e a mais famosa: a Bananinha Paraibuna. Atração para os mais apressados são os lanches na chapa a lenha e que é tradição da Tamoios há mais de 50 anos.