Localização: Médio Vale do Paraíba do Sul, entre as Serras da Mantiqueira e do Mar
Ext. Territorial: 249 km²
Altitude: 497 metros na cidade e 2.796 metros na Pedra da Mina
Habitantes: 11.641
Hidrografia: Rio Paraíba do Sul, Ribeirão Marambaia
Limites: Areias, Silveiras, Lavrinhas e o estado de Minas Gerais
Distâncias:
São Paulo - 225 km
Rio de Janeiro - 180 km
Engenheiro Passos - 16 km
Itatiaia - 24 km
Cruzeiro - 23 km
São José do Barreiro - 38 km
Resende - 38 km
Temperatura:
Entre 16° C e 26° C
Clima: Tropical
A 12 de dezembro de 1801, Antônio Manoel de Mello Castro e Mendonça, governador e Capitão-General da Capitania de São Paulo, concedeu uma Sesmaria a 86 índios Puris que viviam disseminados nesta zona do Vale do Paraíba e nos contrafortes da Mantiqueira, nas terras compreendidas entre o aludido rio, os ribeirões das Cruzes e Entupido e a serra “território destacado da Vila de Lorena”, dando ao local o nome de Aldeia de São João Batista de Queluz, e teria como diretor Januário Nunes da Silva, e como pároco o Pe. Francisco da Chagas Lima. A paróquia foi criada pela provisão de 22 de março de 1803, instituindo-se o distrito de paz.
A escolha do nome aconteceu por dois motivos: primeiramente pelo fato do pai de D. Pedro I chamar se João (D. João VI) e segundo o nome do solar (Palácio Nacional de Queluz) onde nasceu o príncipe, que seria mais tarde o nosso imperador Pedro I. Assim foi que, instalada a aldeia, a antiga taba do gentio se transformou numa povoação cristã.
A serena prosperidade de Queluz deve-se certamente à dedicação do catequista Pe. Francisco das Chagas Lima e a energia do Capitão Januário Nunes da Silva.
O sacerdote pouco se demorou na árdua função, visto que já em 1808 era substituído pelo Pe. José Francisco Rebouças da Palma, que instalou definitivamente a freguesia e fez construir a antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário, onde jazem os seus restos mortais. A Igreja Matriz é mais antiga, foi construída no local da primitiva capela, graças aos esforços do valoroso paulista Alferes José Antônio Dias Novaes.
Em 4 de março de 1842, a Lei Provincial n° 15 erigia a próspera povoação em Vila e sede de município cujo território se desmembrou do de Areias. Em 1875, a lei n° 29, de 17 de abril, criou a Comarca de Queluz. Com o título e foros de simples Vila, viveu Queluz até 10 de março de 1876. Nessa data, uma Lei, que por coincidência recebeu, também, o n° 15, elevou-a a categoria de cidade, que até hoje conserva.
O Governo Provincial dotou a cidade de antiga ponte metálica (a mais antiga do Vale do Paraíba - 1885). Era uma formosa ponte em três vãos, assentada sobre dois encontros de alvenaria e duas colunas intermediárias de interessante formação.
Esta ponte foi sacrificada por motivos estratégicos durante a Revolução Constitucionalista de 1932. A estrada de ferro trouxe novo ritmo ao progresso.
O Rio Paraíba do Sul passa bem pelo meio da cidade, moldando uma paisagem atrativa para quem visita a cidade. Queluz guarda ainda os sinais de sua história importante no Vale Histórico. Foi pouso de tropeiros durante séculos, em um dos caminhos alternativos que ligavam o Litoral Norte à Minas Gerais. Mas isso aconteceu somente a partir da chegada do café, nada tendo a ver com o ciclo do ouro.
Neste período, no século XIX, a cidade fervilhou em produção, principalmente porque a linha férrea passou bem dentro da cidade.
Da época do café ainda restam as fazendas São José, Restauração, Bella Aurora, Cascata, São João, Fazenda das Palmeiras, Santa Maria e Fazenda Casa Nova.
No centro antigo da cidade, várias construções de importância histórica ainda permanecem em pé, destacando-se a Igreja Matriz e a casa de Malba Tahan.
Subindo a serra, a beleza atrai turistas que buscam sossego e natureza ainda preservada. Está lá o Pico da Mina, com 2.797 metros de altitude, sendo o ponto mais alto do Estado de São Paulo e o quarto em altitude do Brasil. Várias pousadas atendem os turistas e têm a disposição trilhas e ribeirões para banhos.
Nos finais de semana, a concentração de turistas é nas margens do Rio Paraíba, onde lanchonetes atendem os interessados.
Cortado por uma das rodovias mais importantes do país, a Rodovia Presidente Dutra, o município de Queluz tem forte potencial para o desenvolvimento do turismo. Suas características de vastos recursos naturais, aliada a trechos da história do Brasil, além de acesso fácil e recepção de um povo caloroso, a tornam realmente o que seu Hino contempla: “Um Pedacinho do Céu, a cidade querida e admirada”.
O setor rural, com produção familiar, também se destaca com mais de 150 propriedades localizadas em área de aproximadamente 17.000 hectares produtivos.
Hoje, com sua economia bastante aquecida em função da construção de uma pequena Central Hidrelétrica, vê seu comércio fortalecer e as oportunidades de emprego crescerem.
A construção atual da Igreja Matriz, que remonta ao início da aldeia, em 1830, é o prédio mais antigo da cidade. O prédio atual foi erguido no local onde existia a capela ou oratório da época da fundação. É construída de taipa, tem as bases sólidas no alto de uma colina e é sustentada por grossas paredes de cerca de um metro de largura. Foi objeto de várias reformas e pinturas diferentes, mas conserva o estilo inicial, com duas torres laterais na fachada e grande porta de entrada que dá acesso à nave central. Ostenta em seu altar-mór a imagem do padroeiro, São João Batista, esculpido em madeira nobre por artistas portugueses.
Queluz foi um dos principais palcos das lutas armadas da Revolução de 1932, tanto que perdeu sua principal ponte, dinamitada por questões de segurança.
A Revolução foi deflagrada em 13 de julho de 1932, as tropas já tomavam as suas respectivas posições de combate e, ao formar a frente de defesa do Eixo Rodoviário Rio-São Paulo - aqui se destaca o Vale Histórico - em direção aos territórios do estado vizinho Rio de Janeiro, houve o primeiro choque entre as tropas Paulistas e Federais.
Foi exatamente na divisa dos municípios de São José do Barreiro e Areias, pelas imediações do Morro Frio, que este confronto se iniciou, marcando o começo de um longo e sangrento conflito entre irmãos, com o disparo do primeiro tiro.
A força pública de São Paulo fez as tropas Getulistas recuarem para o Rio de Janeiro. Sem recursos para continuar no conflito, as tropas constitucionalistas começaram a discutir o armistício. Conhecido como Protocolo de Cruzeiro, o documento foi assinado no prédio do grupo escolar Dr. Arnolfo Azevedo, no dia 02 de outubro de 1932. Chegava ao fim o conflito, que, somente no Estado de São Paulo, deixou um saldo de 634 mortos e incontáveis feridos.
Queluz estava bem no centro dos combates, sendo assim ponto de concentração de tropas de ambos os lados. Foi palco de sangrentas batalhas das forças paulistas contra as tropas federais, principalmente nas imediações da divisa SP-RJ, para proteger a "fronteira" (Eng. Bianor) e evitar o avanço dos invasores. Foi em Eng. Bianor que um dos maiores herois da Revolução foi covardemente metralhado pelas tropas Getulistas.
Trata-se de Manoel de Freitas Novaes Neto, o Capitão Néco, que ao ser abordado pelos legalistas em 5/08/32, pedindo que ele se rendesse, proferiu a famosa frase conhecida em todo meio constitucionalista ...“UM PAULISTA MORRE, MAS NÃO SE RENDE!”.
Para atrapalhar o deslocamento das tropas, a ponte principal da cidade foi destruída pelas tropas. Assim, a cidade sofreu ainda mais.
Utilizando a ferrovia, os paulistas usaram o "trem blindado", que saia da Estação de Queluz em direção a Resende. O trem era composto por vagões normais, levando materiais, e um de aço, com furos nas laterais para a visão e disparo das armas.
Centro Cultural - Da mesma época da construção da Matriz, é o prédio do Centro Cultural, na praça Padre Francisco das Chagas Lima. Em estilo colonial, sem rebuscamentos, com uma parte assobradada, destaca-se na paisagem por sua beleza e imponência, formando um conjunto harmônico com a contemporânea Matriz. Inicialmente abrigou a Casa Paroquial, depois a Santa Casa e, atualmente, o Centro Cultural de Queluz, com uma rica biblioteca e grande parte do acervo histórico devidamente catalogado e disponível a pesquisas e consultas. O prédio encontra-se em processo de restauração e mobiliamento. Pça Francisco Chagas Lima, 272.
Prédio do Grupo Escolar - Construído em 1915, foi projetado, em 1913, pelo Engenheiro
Isac Pereira Garcez, do Departamento de Obras Públicas. Foi utilizado também como Quartel General das tropas Paulistas durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Possui dois pavimentos, sendo o inferior um porão utilizável.
Estilisticamente, insere-se no contexto e-clético que define a arquitetura das Escolas Paulistas do início do período Republicano.
Ponte Gov. Mário Covas - Construída um pouco acima da ponte metálica que foi dinamitada durante a Revolução de 32, é um vigoroso amplexo de um só arco magnífico inaugurado em 1937.
Fazenda Restauração - Marco imponente de uma época. Construída em 1867, por Teodoro Carlos da Silva, influindo assim em todas as edificações das décadas de 50 e 60, já período de ouro da cafeicultura local. O nome Restauração, escolhido por Teodoro Carlos da Silva, querendo homenagear nosso Imperador, presente nas recordações do pai e do avô anfitrião, atentou para o cometimento político da restauração da legalidade monárquica portuguesa, último gesto de bravura de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal.
Sobrado - Belíssima casa onde residiu um dos maiores plantadores do café, o Ex-Prefeito Francisco Thomaz da Silva. Construída no primeiro quartel do século XX, em estilo neoclássico.
Estação Ferroviária - A primeira do estado de São Paulo, foi aberta ao tráfego em 1874 pela Estrada de Ferro D. Pedro II. Foi desta Estação que o trem blindado fez a sua estréia na Revolução de 32: saindo de Queluz,aparece ele de surpresa fazendo “uma incursão diabólica nas linhas inimigas em direção ao Rio de Janeiro.
Causou pavor entre os ditatoriais, que abandonaram as suas posições, as quais infelizmente não puderam ser retomadas pelos nossos; como sempre, faltavam tropas frescas aos paulistas”. Narra-se que a estação inicial foi consumida por fogo. Por isso, em 1874, novo prédio ali foi construído, bastante amplo, de estilo sóbrio, com janelas altas e grandes varandas que constituíam área de chegada pelo lado da rua e plataforma de embarque e desembarque de frente para a linha. No século anterior, até a década de 60, era o local de encontro da sociedade e de visitantes, principalmente nos horários previstos para a chegada e saída dos trens de passageiros.
Prédio do Fórum - Construído em 1900 para ser a Cadeia Pública. Seu primeiro juiz foi o Dr. Francisco de Paula Oliveira Borges, filho do Visconde de Guaratinguetá. Localizado na Praça Portugal, 174, prédio pertencente ao Governo do estado de São Paulo.
Bica Pedreirinha - Água potável muito procurada pela população, que dizem ter propriedades medicinais. No local tem imagem de Santa Beatriz. Estrada Queluz/Areias, km 1.
Cristo Redendor - Local de onde se avista toda a cidade. Acesso a pé, a partir da Estrada Queluz/Areias, km 2 .
A casa de Malba Tahan é uma construção térrea datada de 1860, feita de taipa de mão, madeira lavrada e telhado com telhas de barro. Nela morou por muitos anos a família de Julio Cesar de Mello Souza, o nome verdadeiro desta importantíssima personalidade brasileira. Não nasceu em Queluz. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 06/05/1895, à época, Distrito Federal, Capital da República. Passou, no entanto, toda a sua infância em Queluz, onde seus pais vieram lecionar, tendo estudado em duas escolas públicas da cidade. Em 1906, voltou para o Rio de Janeiro para concluir seus estudos. Lecionou matemática no famoso Colégio Pedro ll e na Universidade do Brasil. Foi escritor, mas mudou seu nome e o ambiente de suas histórias para a Arábia. Uma jogada de mar-keting, que deu certo.
Publicou mais de 80 obras, entre elas "Maktub" e "O homem que calculava". Foi professor, escritor e matemático. Em sua homenagem, a Biblioteca Municipal leva o seu nome desde a década de 70, quando foi inaugurada.