Esta matéria foi escrita por João Rural Nascentes Julho Dialeto Caipira
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Todos os municípios que fazem parte da região das Nascentes do Paraíba são, atualmente, um dos maiores redutos da cultura caipira do Estado de São Paulo. A localização geográfica e formação histórica favoreceram à sua gente a preservação de hábitos do tempo do Brasil colônia. Nessa região ainda se observa, por exemplo, a influência da língua “nheengatu”, na fala das pessoas. Palavras, frases ou jeito de falar que, à primeira vista, podem parecer apenas “o modo de falar errado dos caipiras”, representam, na verdade, uma riqueza cultural cujo valor para ser compreendido requer uma volta ao passado. A língua “nheengatu” foi desenvolvida pelos jesuítas que utilizaram como base para isso a língua Tupi, talvez por ter sido a primeira com que tiveram contato no Brasil. O “nheengatu” seria o Tupi, com o acréscimo de palavras espanholas e portuguesas, regulado pela gramática da língua portuguesa. Com o objetivo de unificar linguisticamente as tribos, os jesuítas difundiram o “nheengatu” por todo o Brasil em seu trabalho missionário. Até que, no século XVIII, o rei de Portugal determinou que o Português fosse a língua oficial do Brasil. O que foi feito, principalmente nas cidades costeiras e portuárias que, mais tarde, receberiam a influência linguística africana, introduzida pelos escravos. Assim, o “nheengatu” e outros dialetos só puderam sobreviver escondidos no interior do Brasil, protegidos pela distância da repressão linguística. Com o tempo, essas sutilezas históricas da construção da língua foram esquecidas e o dialeto caipira, interação entre o português e o “nheengatu”, foi generalizado, de forma preconceituosa, como o “falar errado” dos caipiras. No final do século XX, contudo, a cultura caipira começou a ser prestigiada e a situação mudou. Foi-se retomando, sem medo ou vergonha de ser feliz, o prazer da boa vida no campo, com tudo a que se tem direito. Inclusive a liberdade de falar caipira sim senhor.