Após 40 anos de pesquisas e compilação de imagens e histórias do Vale do Paraíba, em abril de 2010, João Rural e sua família criaram o Instituto Chão Caipira “Malvina Borges de Faria”, instituição cuja finalidade é pesquisar, preservar, valorizar, promover e divulgar a cultura caipira e interesses convergentes, como a conservação e preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.
Entre os diversos assuntos documentados, destaca-se a música, a culinária, a arte e a rica história do município de Paraibuna. Desde sua fundação, o Instituto também desenvolve atividades voltadas à preservação e divulgação do capital histórico-cultural, turístico e ambiental do Vale do Paraíba Paulista.
A partir de 2015, com o falecimento de João Rural, um dos principais focos do Instituto passou a ser a preservação de seu acervo fotográfico, videográfico, bibliográfico e hemerográfico, com mais de 300 horas de vídeo e filme 8mm, 70.000 fotografias e 7.000 páginas estimadas em livros, jornais e revistas, com um olhar sempre voltado às tradições, expressões culturais, história, culinária do homem do campo do Vale do Paraíba da última metade do século 20 e início do 21.
Outrossim, a entidade vem desenvolvendo projetos culturais e ambientais diversos, incluindo frequente participação nas Semanas de Museus, atividade anual proposta pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), em festas típicas, eventos acadêmicos, além de publicação de livros com registros de memórias de personalidades locais. Além da salvaguarda do acervo de João Rural e das atividades realizadas, o Instituto participa do Observatório da Paisagem do Vale do Paraíba, uma rede formada por instituições e pessoas envolvidas com o fomento do patrimônio cultural regional e que se organizam a fim de fortalecer as políticas públicas voltadas ao patrimônio cultural brasileiro.
Em 2016, o Instituto foi contemplado no edital ProAC 41/2015, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, ocasião em que pode desenvolver o site chaocaipira.org.br, publicando mais de 10.000 fotos, 2.000 páginas de textos e 100 horas de vídeo, um trabalho que continua com recursos próprios e colaborações voluntárias.
No ano de 2017, o Instituto foi premiado pelo Edital de Seleção Pública n.º 1, de 26 de maio de 2017, Culturas Populares – Edição Leandro Gomes de Barros, do Ministério da Cultura, e selecionado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) para a realização do Plano de Educação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – projeto de demanda induzida.
Dentre as várias publicações realizadas, destacam-se os “Guias das Nascentes”, compilações que apresentam conteúdos históricos, culturais, turísticos, gastronômicos e paisagísticos de 37 municípios de onde surgem as nascentes que deságuam no Rio Paraíba do Sul. Há fotografias, descrições dos locais, histórias, receitas típicas, além de roteiros para quem quiser descobrir a natureza e as delícias gastronômicas.
João Evangelista de Faria, o João Rural, acreditava que uma sociedade que não valoriza suas expressões culturais, que desconhece suas raízes históricas e seus saberes tradicionais, não tem identidade. Sem identidade, esta sociedade está fadada a ser oprimida ou ainda violentada, pois o indivíduo que não reconhece a sua ancestralidade, que não se percebe parte de uma coletividade, de uma história, não preserva seu patrimônio.
Levando em consideração a importância e o impacto do trabalho de João Rural para a cultura popular, o Instituto Chão Caipira segue na missão de divulgar suas documentações e publicações para os interessados em pesquisar e conhecer as expressões da cultura caipira vale-paraibana, os jeitos de ser, de fazer, de festejar, de cozinhar e de comer dos povos da roça e das cidades, bem como a geografia do lugar, a paisagem, os caminhos e a exuberância natural das Serra do Mar e da Mantiqueira e de todo o Vale do Paraíba.
Que o acervo de João Rural e as novas pesquisas realizadas pelo Instituto sejam fontes de informação e de inspiração para as novas gerações, reconhecendo-se os hábitos e costumes de um lugar e preservando-os.